Alimentação

A importância dos hábitos saudáveis para a longevidade

A dica é ter uma dieta com alimentos não processados, como verduras, legumes e frutas

Sex, 13/03/20 - 03h00
brasil | Foto:

A adoção de um estilo de vida saudável diz muito sobre como as pessoas pensam em relação a longevidade. Para os homens, por exemplo, os benefícios de uma rotina sem cigarros, com uma dieta balanceada e exercícios regulares pode chegar a 7 anos a mais livres dessas doenças. Em relação as mulheres, a pesquisa indica que Hábitos saudáveis podem acrescentar dez anos "extras" de vida sem câncer, problemas no coração ou diabetes tipo 2.

As conclusões fazem parte de uma pesquisa assinada por 13 cientistas e publicada em janeiro no periódico médico britânico BMJ.

O levantamento foi feito sobre duas bases de dados, uma americana e outra britânica, que compilam informações sobre cerca de 111 mil indivíduos acompanhados por duas décadas.

Segundo o oncologista da Oncomed, Leandro Ramos, cerca de 14 milhões de novos casos de câncer vão acontecer ao longo do ano e destes, 8 milhões podem viar a óbito. “Para reduzirmos esses números, há duas maneiras: a primeira é o diagnóstico precoce. Por meio dele, é possível iniciar o tratamento em uma fase em que a doença ainda não apareceu de maneira física, somente foi detectada em exames de imagem ou de sangue. A outra forma é a prevenção, modificando o meio ambiente em que estamos inseridos e mudando também nosso estilo de vida” afirma o médico. 

A OMS estima que 50% dos cânceres são evitáveis. O oncologista destaca a importância de adquirir bons hábitos de vida, como evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de manter uma alimentação saudável aliada à prática diária de exercícios. “Se pudéssemos escolher um fator para evitar o câncer seria extinguir o consumo do cigarro. Ele é responsável por 21% de todos os cânceres do mundo, abrangendo outros além do de pulmão. Metade de todos os tabagistas morre por doença relacionada ao cigarro. Na maioria das vezes essa doença é o câncer”, declara Leandro Ramos, que diz ainda que o tabagista tem cerca de 13 anos de vida a menos comparado a uma pessoa que não fuma. “Um alento é que se a pessoa parar de fumar, as chances de ela vir a ter doenças relacionadas ao cigarro reduzem consideravelmente. Mesmo aquelas que fumaram muitos anos. Parar de fumar é uma medida muito eficaz”, salienta o médico Leandro Ramos.

Outra questão declarada pelo oncologista da Oncomed é a exposição solar, relacionada ao câncer de pele. Segundo ele, quase 1 milhão de casos acontecem ao longo de um ano. “São cânceres que chamamos de ‘baso celular’, ou ‘escamo celular’. O cuidado com a proteção solar e com o excesso de exposição à radiação ultravioleta impedem esses tumores. Apesar desse câncer ser curável, a grande preocupação relacionada a esse hábito é o surgimento do tumor melanoma” diz Ramos. 

De acordo com o médico, as recomendações são proteger-se contra raios ultravioletas, e evitar a exposição solar das 10h às 17h. Sempre que for expor ao sol, usar proteção de barreira, como blusas de manga comprida, boné e protetor solar.

Outro hábito muito importante é a prática de atividade física, como consequência da redução do sedentarismo. Esse está diretamente relacionado ao aumento do risco de câncer. Nos EUA, 60% dos adultos não são ativos no ponto de vista de atividade física e 25% destes são absolutamente sedentários. Para o oncologista Leandro Ramos, esse índice é muito grande. “Estimular a atividade física regular, sendo 30 minutos por dia, cinco vezes por semana, é essencial para a prevenção. O sedentarismo está relacionado ao câncer de colón, pâncreas, fígado, estômago, mama, entre outros, e a obesidade está ligada a 20% de todos os cânceres, como os de ovário, endométrio, pâncreas e mama. Isso porque a obesidade gera uma reação inflamatória crônica e que, por alteração genética, de DNA, predispõe que as células cresçam de forma desordenada. levando ao surgimento do câncer. No entanto, medidas para reduzir a obesidade diminuem a incidência e mortalidade por câncer", informa Ramos. Um estudo avaliou pacientes obesos que foram submetidos à cirurgia bariátrica, e revelou que eles tiveram uma redução significativa de incidência de câncer.

A dieta saudável, composto por alimentos não processados, como verduras, legumes e frutas, evitando-se carnes vermelhas, frituras e alimentos defumados, é outro hábito saudável que precisa ser considerado.

O consumo excessivo de bebida alcoólica também está relacionado ao aumento de vários tumores. Segundo o oncologista, o recomendado é o consumo de no máximo 10 gramas de álcool por dia e o excesso deste valor aumenta o risco de câncer de esôfago, laringe, mama. Uma taça de vinho tem 11g de álcool. Uma lata de cerveja tem 17g de álcool. Uma dose de 35 ml de bebida destilada tem 20g de álcool. 

Entrevista

Kátia Soares, jornalista, descobriu o câncer de mama por meio do autoexame, aos 36 anos. A partir daí, fez todo o tratamento, radioterapia, quimioterapia e depois, cirurgia. Ela diz que começou a questionar os médicos sobre quais tratamentos alternativos, e, após falar com quatro profissionais diferentes, Kátia recebeu de um deles o livro “Anti Câncer”, de um autor francês, Davi Servan-Schreiber. Confira entrevista. 

Como foi a reação da sua família quando você descobriu que estava com câncer?

Para a família eu demorei um pouco a contar, para privar as pessoas desse sentimento, porque eu achei que iria morrer. Minha mãe soube quando eu estava fazendo a minha segunda quimioterapia, quando não teve jeito. Mas, depois que souberam, recebi muito apoio, num processo de superação, e meus irmãos se aproximaram. O apoio da família e dos amigos é fundamental. 

Alguém te fez alguma pergunta que te incomodou?

Geralmente, as pessoas fazem comentários não pertinentes: ‘você está magoada com alguma coisa’, ‘você não perdoou alguém’, ‘essa doença é muito comum’, ‘eu conheço muita gente que já morreu disso’. Enfim há uma série de comentários, que as pessoas não fazem por maldade, mas que são muito inconvenientes. 

Como você descobriu a importância de manter hábitos saudáveis?

Eu nunca quis substituir o tratamento convencional por alimentação saudável. Nada disso, mas eu acho que um pode complementar o outro. Eu acredito muito no potencial nutritivo de uma alimentação viva, com alimentos fermentados, suco verde, consumo mais reduzido de carne (especialmente as processadas) e farinhas. Além de emagrecer, isso traz saúde e você consegue oxigenar melhor o seu organismo.

Como está a sua vida hoje?

Em 2017, eu descobri um outro câncer de mama, desta vez, de forma mais branda, o que só confirma que o que eu passei a fazer deu certo. Neste ano, faz oito anos que fiquei doente, e hoje me sinto plenamente curada, saudável. Sou corredora, nado, faço musculação e estou no auge da minha vida produtiva.

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