Aproveitando o início do verão no hemisfério Sul – que é a estação do ano em que as pessoas ficam ainda mais expostas ao sol –, a Sociedade Brasileira de Dermatologia desenvolve a campanha Dezembro Laranja para conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de pele – que é considerado o maior órgão do corpo humano.
A iniciativa se mostra importante, uma vez que dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que 185.380 novos casos de câncer de pele melanoma e não melanoma devem surgir por ano entre 2020 e 2022, sendo 87.970 em homens e 97.410 em mulheres. Ainda segundo o órgão, esse tumor é o mais frequente entre homens e mulheres e representa quase 30% de todos os tipos da doença.
Apesar do contexto da pandemia da Covid-19, em que as pessoas estão ficando mais em casa para evitar aglomerações, os especialistas alertam que os cuidados com a pele não devem ser ignorados e, assim como o uso da máscara e do álcool para higienizar as mãos, o do filtro solar não pode ser esquecido.
“Geralmente, o câncer de pele se desenvolve na pele que teve exposição prolongada ao sol, mas também pode aparecer em feridas crônicas, cicatrizes, após exposição a certos agentes químicos e em pacientes que fazem uso de medicações imunossupressoras. Além disso, é bom ressaltar que os raios de sol atravessam vidros e entram pela janela”, pontuou a dermatologista do Grupo, Laura Salles Dias Pinto.
No entanto, o oncologista e coordenador do Grupo de Câncer de Pele da Oncomed, Marcos André Portella, afirma que é possível e necessário aproveitar os benefícios do sol para a saúde. “Além de estimular a produção de vitamina D, que é essencial para diversas atividades do corpo, expor-se diariamente ao raios solares ajuda a diminuir o risco de depressão, uma vez que aumenta a produção de endorfina, que promove o bem-estar e melhora a qualidade do sono. Só é importante seguir algumas orientações para evitar uma exposição excessiva, que pode provocar sérias alterações celulares”, explicou.
Entre as recomendações está evitar, principalmente entre 10h e 16h, a exposição excessiva à radiação solar, composta pelos raios UVB (responsável pela queimadura avermelhada da pele) e UVA (ultravioleta), que penetra profundamente na pele e é a principal responsável pelo surgimento do câncer da pele. “Essa fonte natural de saúde na dose certa é o melhor remédio para muitas enfermidades”, disse Lara, que lembrou: “O protetor solar deve ser utilizado também em dias nublados”.
Grupos de risco
Pessoas de pele clara, com pintas e manchas, idosos, quem se expôs muito ao sol e quem tem histórico de câncer de pele na família estão mais propensos a desenvolver a doença. No entanto, quando o indivíduo é diagnosticado precocemente, as chances de cura dos melanomas é alta, podendo chegar a mais de 90%.
Pistas no corpo
O tumor surge principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol e pode desencadear manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram. É importante ficar atento a pintas ou sinais que mudam de cor, tamanho ou forma, além de feridas que não cicatrizam em pelo menos quatro semanas. Em caso de suspeita, procure seu dermatologista.
Professora viu a vida mudar por meio de pinta da infância
Em 2018, a advogada e professora universitária Rose Pereira, 56, observou que uma pinta que ela tinha próximo ao tornozelo desde a infância havia se modificado, com a alteração da cor e da borda. Em outubro, após retirar a pinta e enviá-la para a biópsia, veio o diagnóstico de melanoma. Depois disso, ela precisou fazer diversos exames, e houve a necessidade de uma cirurgia em janeiro de 2019. Em março do mesmo ano, dois novos nódulos surgiram no abdômen e nas costas, e o resultado foi de melanoma novamente.
Diante do diagnóstico, Rose decidiu sair de Governador Valadares, na região do Rio Doce, onde mora, e ir para Belo Horizonte, a fim de fazer o tratamento na Oncomed. Em abril, ela iniciou a imunoterapia, que é o mais indicado atualmente para combater o melanoma. “Meu cunhado já fazia tratamento na Oncomed desde 2012, e a oncologista dele me encaminhou para o Dr. Alexandre Fonseca, que indicou o tratamento de imunoterapia. Inicialmente, eu ia para BH duas vezes por mês, mas, desde maio deste ano, depois do êxito comprovado por exames de imagem, o tratamento passou a ser apenas uma vez por mês”, relatou.
Mesmo diante de um diagnóstico de câncer, Rose se manteve firme durante todo o tratamento. “Sempre acreditei que nada é por acaso e consigo conviver com as adversidades de forma um pouco mais serena, mas de fato, o acolhimento pela equipe da Oncomed, que é extremamente humanizado, fez muita diferença”, contou.
Referência
O Orizonti, hospital do Grupo Oncomed, conta com uma equipe de dermatologistas altamente treinada e equipamentos tecnológicos de última geração para o diagnóstico do câncer de pele. Além disso, há integração entre várias outras especialidades – o que possibilita um diagnóstico precoce e um tratamento específico para cada caso.