O rompimento da barragem B1, em Brumadinho, iniciou um processo de mudança na gestão de barragens da Vale, focada na segurança das suas estruturas e das comunidades que vivem próximo aos barramentos. Um dos principais marcos dessa mudança é a previsão de descaracterização das 30 estruturas geotécnicas da empresa construídas pelo método a montante no Brasil (27 em Minas Gerais e três no Pará), incluindo barragens, diques e empilhamentos drenados.
“Já descaracterizamos seis estruturas, a mais recente delas foi a barragem Fernandinho, em Nova Lima. Cada obra que concluímos é um avanço significativo do nosso Programa de Descaracterização. É uma obrigação legal para todo o setor, mas, antes disso, é um compromisso nosso eliminar de vez barragens construídas pelo método a montante”, afirmou o gerente executivo de descaracterização e projetos geotécnicos da Vale, Carlos Miana.
Ele explica que cada estrutura tem características próprias, tais como suas dimensões, o terreno e o relevo de onde se encontram. Por isso, cada projeto é diferente e segue ritmo próprio. Basicamente, segundo Miana, todas têm algo em comum: deixarão de funcionar como uma barragem a montante e perderão a função de armazenamento de rejeitos e água.
O gerente da Vale reforça, ainda, que as zonas de autossalvamento (ZAS) das barragens em níveis de alerta mais críticos estão evacuadas, ou seja, sem a presença permanente de pessoas. “Além disso, em todos os territórios com barragens em nível 3 de emergência concluímos estruturas de contenção de grande porte capazes de reter todo o rejeito em um caso extremo, aumentando a segurança para comunidades próximas e meio ambiente”, acrescentou.
Com a descaracterização das 30 estruturas construídas a montante, como a B1 que rompeu em Brumadinho, não vão mais existir, no Brasil, estruturas erguidas sobre o rejeito de minério de ferro ou sedimentos que sejam operadas pela Vale. O processo é delicado e exige técnicas de engenharia e uso de tecnologias específicas para cada barragem, além do monitoramento permanente de todas as estruturas para, em caso de algum risco ser identificado, o trabalho ser interrompido.
Tecnologia
Para que as obras de eliminação dos barramentos possam ser realizadas em segurança, a Vale, junto com parceiros, desenvolveu a tecnologia de equipamentos não tripulados. Atualmente, são 37 aparelhos remotamente operados por trabalhadores em locais seguros e distantes das barragens.
As obras de remoção dos rejeitos da barragem B3/B4, em São Sebastião das Águas Claras (Macacos/Nova Lima), e a coleta de amostras de rejeito no reservatório da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais, ambas em nível 3 de emergência, já são realizadas por equipamentos não tripulados. O planejamento, conta Miana, é seguir implementando novas tecnologias para mitigar riscos e acelerar o Programa de Descaracterização. A empresa já trabalha no desenvolvimento de outros equipamentos não tripulados, que poderão ser usados para diferentes finalidades e fases das obras.