A quantidade de pontos de coleta implementados pela empresa saltou de 25, no dia da tragédia, para os atuais 93. A tarefa envolve o trabalho de aproximadamente 250 pessoas.

“São de 60 a 70 profissionais em campo, apenas fazendo as coletas e há outro grande contingente nos laboratórios. Mais de 60 pessoas lidam somente com o tratamento dos dados”, enfatiza Vitor Pimenta, gerente de meio ambiente da Vale.

Segundo Pimenta, a qualidade da água do Paraopeba e seus afluentes, afetada pelo grande despejo de rejeitos de minério, começou a ser recuperada pouco depois do início das operações da Etaf Iracema, em abril do ano passado.

Chuvas intensas trazem degradação da qualidade da água

Desde então, segundo o especialista, a água do rio Paraopeba só deteriorou sua qualidade em um dos trechos monitorados pela Vale devido ao intenso período chuvoso ocorrido em Minas Gerais no ano passado.

“O rio ficou numa condição ruim em função de diversos fatores, não só pela presença de rejeito, mas também devido à abertura das comportas da usina hidrelétrica de Retiro Baixo, que fica entre Curvelo e Pompéu”, analisa.

“Foi liberada uma quantidade muito grande de água desse reservatório. Foi algo realmente extemporâneo, que os estudos apontam que acontece entre a cada 25 a 50 anos. As chuvas intensas sempre causam essa degradação da qualidade da água do rio”, completa.

No entanto, após o fim do período chuvoso, em março deste ano, começou-se a detectar a plena recuperação da qualidade da água do Paraopeba com os percentuais de metais e da própria turbidez da água voltando aos valores normais.

Testes de ecotoxicidade

Apesar de os rejeitos de minério da B1 não serem tóxicos, a Vale mantém de forma permanente estudos técnicos visando avaliar a deposição de rejeitos no curso d’água para a biodiversidade.

Para isso, são realizados ensaios com bactérias e invertebrados aquáticos com água e amostras do solo ao longo do Paraopeba. Já foram realizadas cerca de 195 análises dele seja na água ou misturado com o solo.

“Não há nenhuma toxicidade associada ao rejeito que vazou da barragem. Ele é basicamente composto de ferro e areia (sílica)”, afirma Pimenta, que assegura: “ele não libera metais na água. Apesar disso, seguimos coletando amostras para esse tipo de teste. É um trabalho permanente, de monitoramento”.

 

 

Vale inicia estudo sobre condição dos aquíferos 

Paralelo ao monitoramento das águas do rio Paraopeba, em fevereiro deste ano, a Vale deu início a um estudo auditado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Ministério Público Estadual (MPMG) sobre as águas subterrâneas na área afetada pelo rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão.

Até então, a empresa perfurou 246 poços artesianos na região. Pelas análises já concluídas, a água não sofreu nenhum tipo de influência ou impacto pelo rejeito da B1.

“Estamos desenvolvendo agora um aprofundamento desse estudo, que vai trazer um detalhamento maior. Pretendemos determinar a condição natural desses aquíferos, indicando os pontos onde algum impacto poderia ocorrer e o que teremos que monitorar”, explicou o gerente de meio ambiente da Vale.

Primeiros resultados em setembro

Para isso, a bacia do Paraopeba foi dividida em sete áreas desde o ribeirão Ferro-Carvão até Felixlândia. Cada uma dessas zonas resultará em um relatório específico da água subterrânea.

A previsão é que o estudo seja concluído no fim deste ano. Os primeiros resultados do levantamento dos aquíferos está previsto para setembro. “A pandemia prejudicou seu andamento, mas aos poucos, com todo o cuidado exigido pelo momento, estamos voltando a realizar o levantamento”, garante Pimenta.