O clima no MDB de Minas Gerais não é dos melhores. Primeiro, vieram à tona divergências internas sobre as desigualdades dos repasses do fundo partidário para financiamento da campanha eleitoral de 2022. Algumas lideranças do partido acusam o presidente estadual da legenda, o deputado federal Newton Cardoso Júnior, de beneficiar aliados, o que é negado por ele.
A questão agora é sobre a liderança dentro do MDB. Newton vem sendo questionado por correligionários sobre a gestão do diretório estadual. Hercílio Coelho Diniz, colega de Newton na Câmara dos Deputados admite que há insatisfação com o trabalho do presidente estadual do partido. Na próxima segunda-feira (10), haverá uma reunião da executiva mineira do MDB. Na ocasião, será marcada a eleição da presidência estadual do partido, muito provavelmente para a última semana de julho, e Hercílio admite que pode ser candidato.
"Eu tenho escutado muita instatifação dentro do partido, está muito elevada realmente. Temos reunião marcada para segunda-feira para discutir as questões internas de Minas Gerais. Estamos debatendo e conversando. O Newton já se lançou como candidato à reeleição da presidência do partido em Minas. Eu não posso ser candidato de mim mesmo, mas, se dentro do partido, surigir o interesse pelo meu nome, vamos lutar para recuperar a força do MDB em Minas", disse o deputado Hercílio Coelho Diniz.
Hercílio teve mais votos que Newton no pleito de 2022. Foram 122.819 contra 103.056. O número não é critério na eleição do diretório estadual, mas pode dar respaldo para que Hercílio Coelho Diniz leve vantagem sobre Newton se os medebistas mineiros tiverem comportamento semelhante ao PL estadual, que tem colocado o nome de Nikolas Ferreira, deputado federal mais votado do Brasil, à frente do deputado estadual Bruno Engler, nas conversas sobre quem será o nome do partido na eleição municipal do ano que vem, mesmo com Engler estando à frente de Ferreira em todas as conversas prévias sobre o assunto. Para Hercílio, no entanto, o importante para o MDB é retomar a força estadual que historicamente sempre teve.
"Temos quatro parlamentares hoje no MDB, são dois deputados federais e dois deputados estaduais. Mas não temos senadores e não temos secretários de Estado. Abrimos mão de algumas questões e naõ tivemos retorno. Perdemos espaço regionalmente, enquanto no nível nacional nós aumentamos o número de deputados de 37 para 42. A gente tem que ter mais protagonismo, temos que ter uma gestão compartilhada. Temos que ouvir os companheiros e fazer um trabalho conjunto como todos os membros do partido. Isto não tem acontecido. Não tem diálogo. Tudo que é conversado nas reuniões só fica nas atas. Nós precisamos nos reinventar em Minas Gerais", afirma Hercílio.
Mesmo com todos os questionamentos que faz sobre o trabalho de Newton Cardoso Júnior à frente do diretório estadual do MDB, Hercílio Coelho Diniz reconhece o trabalho do colega de legenda como parlmentar. Para Hercílio, entretanto, falta tempo para se dedicar ao partido com a intensidade que ele merece.
"Newton Cardoso Júnior é um deputado atuante, do alto clero da Câmara Municipal, mas talvez aqui não tenha tempo pra dar a atenção que as questões do nosso partido merecem."