Acordo

Aproximação de Fuad e Gabriel Azevedo busca isolar Aro da prefeitura

Depois de oito meses, prefeito e presidente da Câmara tiveram encontro particular; interlocutores afirmam que afastamento de grupo de Aro agrada também Rodrigo Pacheco, presidente do Senado

Por Cynthia Castro
Publicado em 14 de março de 2024 | 10:08
 
 
Fuad Noman e Gabriel Azevedo durante encontro em 2023 Foto: Reprodução redes sociais / Arquivo

A aproximação do prefeito Fuad Noman (PSD) e do presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo, que se filia oficialmente nesta sexta-feira (15) ao MDB, tem como pano de fundo a vontade de isolar o grupo de Marcelo Aro (PP), que atua hoje dentro da Prefeitura de Belo Horizonte. Atualmente, o secretário de Estado da Casa Civil tem influência sobre quatro pastas na administração municipal.

A principal delas é a de Governo, chefiada por Castellar Neto, que é suplente do senador Carlos Viana (Podemos-MG). O senador mineiro tem se colocado como pré-candidato nas eleições municipais e deverá disputar o cargo de chefe do Executivo tanto com o atual prefeito quanto com o presidente da Câmara, também pré-candidatos. Ainda sem manifestar apoio, alguns interlocutores acreditam que Marcelo Aro possa apoiar Carlos Viana, e não Fuad. Outras pastas sob influência do secretário estadual, na prefeitura, são Educação, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente.

Gabriel Azevedo e o prefeito ficaram pelo menos oito meses sem ter uma reunião particular e oficial. Foram diversas situações de ataques mútuos. Na última quarta-feira (13), por cerca de 40 minutos, os dois conversaram na sede da prefeitura de BH e não divulgaram muitos detalhes do teor dessa conversa. Entretanto, Gabriel Azevedo afirmou que era uma aproximação "institucional" e disse que, já na próxima semana, o prefeito se comprometeu a receber um grupo de 14 vereadores que estariam sem diálogo com a prefeitura. 

Logo após o encontro de quarta-feira, Fuad Noman não falou com a imprensa. Mas alguns interlocutores garantiram que o grupo de Marcelo Aro estaria mesmo de saída da prefeitura e que essa reaproximação dos chefes do Executivo e do Legislativo serve, também, para dar esse recado. No dia 7 de março, Gabriel Azevedo deu uma entrevista ao Café com Política da FM O TEMPO 91,7. Na ocasião, o vereador revelou que se encontraria com Fuad e afirmou que o secretário municipal de Governo, Castellar Guimarães Neto, não iria participar da agenda porque, segundo Gabriel, “está limpando suas gavetas”, referindo-se a uma eventual demissão. 

Nos bastidores, a informação que circula entre alguns interlocutores é que essa decisão de Fuad e Gabriel de se aproximarem, com o objetivo de afastar o grupo de Aro da prefeitura, depois de vários meses trocando farpas explicítas,  também "agrada" o presidente do Congresso Nacional, o senador mineiro Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Pacheco é da mesma legenda de Fuad e, também, é um político próximo de Gabriel Azevedo. No início deste mês de março, o prefeito se reuniu com Pacheco em Brasília, para tratar, principalmente, das eleições municipais. Uma ala do partido já demonstrou muita resistência com os acordos políticos feitos pelo prefeito em troca de governabilidade na Câmara Municipal, e a expectativa é mesmo que haja mudanças no espaço oferecido a Aro na prefeitura.

Gabriel Azevedo também se encontrou com Rodrigo Pacheco recentemente. Nas redes sociais, ele postou uma foto com Pacheco no dia 6 de março, quando esteve em Brasília exatamente para tratar da filiação ao MDB. Em um post longo, escreveu: "Não pude deixar de vir pessoalmente agradecer meu amigo Rodrigo Pacheco, senador por Minas Gerais e presidente do Senado Federal. Quando muitas pessoas me davam por morto politicamente no início do turbilhão que vivi, ele foi até a sala da presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte manifestar o seu apoio". Desde o início do mês de setembro até este mês de março, Gabriel Azevedo enfrentou dois processos de cassação, que foram arquivados.