O prefeito Fuad Noman (PSD) afirmou nesta quinta-feira (26) que não pretende se encontrar com o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido). Segundo o chefe do Executivo, a prefeitura está à disposição do parlamentar, mas eles "não são amigos" para encontrar e conversar.
Sem se reunirem há quase dois meses, Azevedo tem solicitado agendas com o prefeito, mas sem sucesso. No início da semana, o vereador chegou a enviar um ofício a Fuad solicitando uma reunião para discutir o Orçamento do próximo ano, mas não obteve retorno.
“A gente precisa aprovar projetos. Conversar só pra provar que nós somos amigos? Nós não somos amigos. Não adianta a gente ficar querendo marcar encontro, porque as coisas que ele (Gabriel) prometeu até hoje para a prefeitura não aconteceram. Vamos conversar, ele vai prometer mais e não vai cumprir. Se ele precisar de alguma coisa, a prefeitura está à inteira disposição dele", declarou Fuad.
"‘Ah, eu quero discutir orçamento’. A secretaria de Planejamento está pronta para discutir o que ele quiser, já chamou lá e nós vamos. O prefeito conversa com os vereadores todos, mas eu não quero correr riscos", pontou.
A má relação entre Fuad e Azevedo se agravou, principalmente, após o pedido de cassação do vereador no fim de agosto por quebra de decoro parlamentar. No entanto, desde a eleição da Mesa Diretora, quando Gabriel foi eleito presidente da Câmara em uma articulação contra a base de governo por apenas um voto, o convívio entre eles sempre foi marcado por alfinetadas e embates, mesmo que muitas vezes velados.
Obstrução. Questionado sobre as obstruções na Câmara a projetos do Executivo, o prefeito evitou tecer comentários acerca da atuação dos parlamentares, mas disse que a percepção é que a Casa "não votou projetos" ao ser questionado se faltou boa vontade dos vereadores em aprovar o projeto de lei que autorizava a prefeitura a contrair empréstimo de até R$ 840 milhões para obras de drenagem e prevenção de enchentes na Avenida Vilarinho, na região de Venda Nova, e na ocupação Isidoro, na região Norte de BH.
Nesta semana, a PBH solicitou a retirada da proposta da pauta ao alegar que a autorização para conseguir o dinheiro caducou após onze meses de tramitação do PL. “Não vou fazer nenhum comentário a respeito disso. A Câmara tem seu rito, tem seu procedimento, a gente sentiu que a Câmara não votou projetos, mas isso é um procedimento da Casa, não vou discutir isso não”, disse Fuad.
"Falta diálogo do Executivo", diz presidente da Câmara
Durante sessão plenária nesta quinta-feira, o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), criticou a postura do prefeito de não se reunir com ele e com o seu grupo de 13 parlamentares. Segundo o vereador, “política é feita de mão dupla”.
“Já são semanas em que a Câmara Municipal está fazendo todos os gestos para o Poder Executivo. Nós estamos no ritmo acelerado de votações, com pautas importantes para o prefeito, tudo está sendo aprovado com unanimidade. É hora da prefeitura fazer seus gestos”, afirmou.
Ele criticou ainda o fato de não ter sido convidado pelo prefeito para sanção do piso da enfermagem anteontem. “Nós aprovamos o projeto com esforço coletivo de 41 vereadores. Na hora que o prefeito foi sancionar, ele convidou só alguns e excluiu outros. Isso em política é muito negativo. Eu sinto que a postura da prefeitura pode ser diferente, porque se a gente está enviando gestos pacíficos de construção, já é hora do Poder Executivo fazer o mesmo”, pontuou.
Depois, por meio de nota, o presidente da Câmara se posicionou sobre a fala de Fuad de que eles “não são amigos”. Gabriel disse que eles “não precisam ser amigos” para dialogar: “Ele precisa ser apresentado à Constituição, que preconiza que os Poderes são harmônicos e independentes entre si”.