"CULTURA DE ÓDIO"

Em tom duro, Pacheco critica governo, mas nega candidatura ao Planalto

Presidente do Senado diz que vê economia contaminada e que amor ao Brasil não é só colocar uma camisa da seleção brasileira e sair xingando STF e o Congresso

Por Levy Guimarães
Publicado em 24 de novembro de 2021 | 14:45
 
 
Rodrigo Pacheco Foto: TV Senado/Divulgação

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi formalmente convidado a ser candidato à presidência da República em 2022 pelo PSD, mas ainda não bateu o martelo.

O convite foi feito pelo presidente do partido, Gilberto Kassab, em um encontro nacional da legenda em Brasília, nesta quarta-feira (24). Na carta oficial do evento, a legenda traça como primeiro objetivo para 2022 ter uma candidatura própria ao Palácio do Planalto.

De acordo com o senador, ainda não é o momento de se discutir candidatos à presidência da República.

“O que fica claro, e que houve aderência unânime de todos os filiados do partido, é que o partido terá candidatura a presidente em 2022. Esta candidatura deverá ser construída primeiro no campo das ideias e das propostas do partido para o Brasil e depois se personificar isso a partir de uma candidatura. Então não há uma definição de nomes do partido para 2022”, disse.

Após o evento, Kassab ironizou a postura moderada do senador: “Mineiro, para ter falado como ele falou, é candidatíssimo”.

Críticas ao governo

No discurso que encerrou a convenção, Rodrigo Pacheco fez diversas críticas ao governo Jair Bolsonaro, apesar de não ter citado nominalmente o presidente da República ou algum membro do Executivo. Um dos pontos principais da fala foi sobre a economia.

“Se for medida hoje, num teste de PCR do coronavírus, vai se ver que a economia está contaminada e que precisa ter tratamento. [..] E não se faz um plano econômico trazendo para essa discussão valores morais, ideológicos, religiosos, de costumes. Fundamentos econômicos são fundamentos econômicos e precisamos de seriedade para tratar disso”, disse Pacheco.

O presidente do Senado também criticou, de forma mais dura, manifestações de cunho radical por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

“Amor ao Brasil definitivamente não é só colocar uma camisa da seleção brasileira e sair xingando o STF, o Congresso Nacional e a política brasileira. Amor ao Brasil é praticar a cidadania, é cumprir seus deveres, é criticar de maneira respeitosa aquilo que se revela diferente.”

O senador também apontou uma “cultura do ódio” no país causada pelas divisões políticas.

“O que estamos vivendo é um radicalismo, extremismo, uma cultura de ódio que está acabando com o Brasil e nós precisamos conter. Achar que sempre temos razão e que o outro está sempre errado.” Ainda segundo o senador, existe um uso “indiscriminado” de meios de comunicação e de redes digitais para atacar o outro. 

Já sobre a pauta ambiental, Rodrigo Pacheco mencionou que o Brasil possui mais de 60% de seu território preservado, mas disse que “o mundo não nos enxerga assim” e classificou o desmatamento ilegal como um problema “gravíssimo”.

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