CMBH

CPI da Covid deve pedir uma acareação entre Célio Bouzada e Alberto Lage

Os parlamentares notaram contradições entre os depoimentos do ex-presidente da BHTrans dado à CPI da Covid e do ex-chefe de gabinete da PBH prestado à CPI da BHTrans

Por Franco Malheiro
Publicado em 23 de setembro de 2021 | 13:49
 
 
A vereadora de Belo Horizonte, Flávia Borja Foto: Cláudio Rabelo/CMBH

Uma acareação entre o ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada e o ex-chefe de gabinete do prefeito Alexandre Kalil, Alberto Lage, deve ser marcada na próxima semana pela CPI da Covid-19 instaurada na Câmara Municipal de Belo Horizonte. A proposta surgiu nesta quinta-feira (23), durante o depoimento do ex-presidente da autarquia à CPI. Os vereadores apontam contradições nas falas de Bouzada, em comparação ao depoimento de Lage prestado à CPI da BHTrans, que também ocorre na CMBH, em agosto.

Segundo a vereadora Flávia Borja (Avante), que trabalha na elaboração do requerimento, o documento será apresentado na próxima quinta-feira e votado pelos vereadores. Ainda não há uma data prevista para a acareação entre os dois.

“Sobre o repasse de R$220 milhões às empresas de ônibus, no depoimento do Célio Bouzada ele afirma que houve solicitação por parte das empresas para esse adiantamento, no entanto, quando o Alberto Lage esteve na CPI da BH Trans, ele apresentou provas que mostram que os gestores da BHTrans trabalharam para favorecer as empresas sem que houvesse uma provação e logo no começo da pandemia, dois meses antes das empresas terem pedido e o acordo judicial ocorreu apenas 9 meses depois”, explicou a vereadora. 

Um dos ofícios apresentado por Lage à CPI da BHTrans foi assinado por Célio Bouzada, em 25 de março de 2020. O ex-gestor da empresa solicita a antecipação de R$ 5 milhões em créditos de vale-transporte, "visando propiciar uma melhoria no fluxo de caixa das concessionárias”.

Bouzada por sua vez, nesta quinta-feira, informou à CPI que a decisão pelo empréstimo partiu de uma reunião realizada na PBH em que as empresas solicitaram o andiantamento. 

Bouzada  foi presidente da BHTrans de 2017 a 2020, no primeiro mandato de Kalil e deixou o cargo no começo deste ano, quando assumiu o posto de assessor da presidência. Ele foi exonerado  na última sexta-feira.

Conforme mostrou O TEMPO, na reta final de ambas, o foco das duas CPIs 
que ocorrem na Câmara Municipal de Belo Horizonte -  a que investiga irregularidades na BHTrans e a que apura gastos da prefeitura durante a pandemia - estará nos R$ 220 milhões que foram antecipados pelo Executivo às empresas de ônibus para amenizar o impacto da queda de arrecadação durante as medidas de restrição da pandemia.

Na reunião desta quinta-feira, na CPI da Covi-19, o vereador Gabriel Azevedo, que preside a CPI da BHTrans,  participou dos trabalhos e também indagou o depoente. A sugestão de uma acareação com Bouzada e Lage partiu do vereador. 

Troca de informações

Em razão de as duas CPIs abertas na Câmara estarem tratando, neste momento, do transporte público da capital mineira, os vereadores de ambos os colegiados têm feito um intercâmbio de informações.

“Eu sou o relator e eu tenho conversado muito com o relator da CPi da BHTrans, o vereador Reinaldo (Gomes Preto Sacolão - MDB) e ele tem me passado algumas informações que eu não tinha acesso até então. Isso vai servir de base também para o meu relatório”, disse o vereador Irlan Melo. 

A informação é confirmada pelo presidente da CPI da BHTrans, Gabriel Azevedo (sem partido), que disse ter boa interlocução com a CPI da Covid. Ele também elogiou o trabalho da comissão ao se debruçar sobre o adiantamento de R$ 220 milhões. “A CPI da Covid passa a fazer um trabalho fundamental para esclarecer esse crime administrativo que foi o adiantamento de passagens na capital mineira”, disse. 

Questionado sobre a palavra crime, Gabriel respondeu: “Porque ele foi feito sem instrumento legal, sem cálculo e, sobretudo, porque os empresários receberam para manter um serviço que não foi mantido e, inclusive, não está mantido até hoje”, disse.