O economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Neto disse, em entrevista ao programa "Conversa com Bial", na noite de segunda-feira, que o PT traiu Ciro Gomes e, assim, permitiu a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República nas eleições de 2018. Segundo ele, Lula já havia definido a formação de uma chapa entre Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT), mas que acabou recuando depois, o que mudou a história da eleição.
"Lula tinha organizado (uma chapa com) Ciro como presidente e Haddad como vice-presidente. Os dois foram ao meu escritório, (o jornalista) Marcio Sergio Conti é testemunha e publicou meia página no "O Estado de S. Paulo". O objetivo era formular um programa de desenvolvimento do Brasil para sair da situação complicada em que se encontrava", disse Delfim, que considerava a candidatura de Ciro menos suscetível a críticas por parte de Bolsonaro.
"No fundo, se eles não tivessem traído o Ciro, o Ciro teria sido eleito. Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso (...) No final, o PT não teve a grandeza de ser o segundo na chapa. Eu acho que no fim ficou uma dificuldade de dizer: 'Se eu entrego pro Ciro o poder eu nunca mais volto pro poder'. Sabe Deus como funciona a cabeça das pessoas. mas seguranmente em 2018 o papel do PT também foi decisivo para a eleição do Bolsonaro. Porque o PT era um tumor de fixação contra o qual o Bolsonaro se atacava. Atacar o Ciro seria muito mais difícil e teria muito menor credibilidade porque o Ciro passou incólume pela Lava Jato", disse Delfim Neto.