O próximo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), é visto pelos colegas de Parlamento como alguém conciliador e que fará uma gestão para pacificar a relação entre os próprios deputados e também entre a Casa e o governo de Romeu Zema (Novo).
A avaliação de deputados governistas, independentes e de oposição, é que, ao contrário do primeiro mandato, o Palácio Tiradentes não encontrará dificuldades em colocar os projetos de seu interesse em votação. Porém, caberá ao governo, e não a Tadeuzinho, conseguir os votos necessários para a aprovação das propostas.
O deputado Sargento Rodrigues (PL), cujo partido será base de governo, avalia que o próximo presidente da ALMG tem como características principais a tranquilidade e a capacidade de diálogo e que manterá a independência entre o Legislativo e o Executivo.
“Preservando a independência do Legislativo, o governo não terá problema em dialogar com o presidente Tadeuzinho e mostrar para ele as pautas mais importantes. Se não arranhar essa independência, o governo não terá problema nenhum de pautar, de discutir, e de votar seus projetos, mesmo que às vezes ganhe ou perca”, disse ele.
“O Tadeu já deixou muito claro para o governo que o convencimento para os deputados estarem no plenário e votarem a favor das propostas não é papel do presidente do Legislativo. É papel do líder de Governo, do líder do bloco governista”, acrescentou Sargento Rodrigues.
Zema desistiu de lançar candidato à presidência da ALMG na terça-feira (24) após perceber que os nomes apoiados por ele — inicialmente Roberto Andrade (Patriota) e depois Duarte Bechir (PSD) — seriam derrotados por Tadeuzinho.
Apesar da derrota, o governador começa o ano não apenas com o apoio da maioria na ALMG, mas perto de formar uma base com 49 deputados, um a mais do que o necessário para aprovar emendas à Constituição Estadual e privatizações das estatais.
Além dos 22 deputados eleitos na coligação do governador, Zema já fechou o apoio do PL (9 deputados), do Republicanos (6 deputados), do Cidadania (4) e do PSDB (1). Essas articulações apontam que a base de governo terá pelo menos 42 deputados, mas o Palácio Tiradentes ainda tenta fechar com pelo menos parte da bancada do PSD (9 deputados).
“Se o governo continuar errando feio nessa interlocução política, ele vai acabar perdendo deputados da sua própria base”, alerta Sargento Rodrigues, citando a denúncia de que o secretário de Governo, Igor Eto, teria tentado chantagear um coronel da Polícia Militar com o objetivo de mudar o voto do deputado eleito Cristiano Caporezzo (PL) na eleição para a ALMG.
Com o cenário conturbado, com um processo eleitoral que deixou rusgas, o deputado Cássio Soares (PSD) projeta que Tadeuzinho trabalhará pela pacificação da ALMG. “E pela harmonia entre todos os Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário”, acrescenta.
Arlen Santiago (Avante), que disputa votos com Tadeuzinho no Norte de Minas, diz que o perfil do deputado é “menos polêmico e mais conciliador”. “Tanto que ele conseguiu se organizar e ser o candidato único com o apoio tanto da esquerda como também, agora, do governo. Eu acredito que ele não irá travar as pautas do governo. Acho que o tom conciliador dele pode ajudar essas pautas a terem êxito”, completa.
A visão é similar na oposição. “É a figura certa para distensionar o ambiente e tem o perfil de conseguir transitar em todos os grupos aqui e esferas ideológicas”, analisa Professor Cleiton (PV). “Acredito que ele vai ao mesmo tempo trazer as pautas que o governo acha importante, mas sem influenciar diretamente a Casa e os votos dos deputados.
Próximo presidente da ALMG tem base no Norte de Minas e foi secretário de Pimentel
Tadeu Martins Leite tem 36 anos e é deputado estadual desde 2011. Filho de Luiz Tadeu Leite, que já foi deputado estadual, deputado federal e prefeito de Montes Claros por três vezes, Tadeuzinho, como é conhecido, tem como base eleitoral o Norte de Minas, o Noroeste e o Vale do Jequitinhonha.
Ele deixou a ALMG temporariamente em fevereiro de 2015 para atuar como secretário de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana durante a gestão de Fernando Pimentel (PT). Também coordenou a força tarefa criada pelo governo de Minas para medir as consequências do rompimento da barragem de Mariana.
Desde 2019, Tadeu é o 1º secretário do Legislativo. No cargo, atua como “prefeito” da Casa, lidando com as questões administrativas. O posto o deixou em posição privilegiada para articular sua eleição para presidente, já que manteve contato com praticamente todos os outros 76 parlamentares.