A economia global vem sofrendo fortemente com os efeitos da pandemia de Covid-19, que provocou um ciclo negativo a partir da suspensão das atividades de empresas dos mais diversos setores, gerando desemprego, queda de renda e de consumo, quebra de empreendimentos e cancelamento de novos investimentos. É um quadro preocupante e que exigirá um enorme esforço de planejamento, recursos e estímulos diversos para ser superado.

No caso específico de Minas Gerais, a situação já era negativa antes mesmo da pandemia. O PIB do Estado fechou 2019 com queda de 0,3% sobre o ano anterior, e a pandemia só fez piorar o que já era ruim, provocando retrações de 0,9% no primeiro trimestre e de 9,8% no segundo. Apenas em Belo Horizonte, estima-se que cerca de 7.500 empreendimentos comerciais tenham fechado as portas definitivamente, incluindo 300 lojas de shopping centers da região metropolitana.

O foco, porém, não pode ser apenas contabilizar as perdas. É preciso olhar para a frente e imaginar formas de retomar os negócios e girar novamente a roda da economia, incluindo os milhões de empreendimentos individuais e microempresas que garantem a maior parte dos empregos, compondo cadeias produtivas dos mais variados setores.

Um caminho no qual acredito é a ampla articulação entre o poder público, entidades empresariais e empreendedores para que se criem as condições necessárias à recuperação da economia mineira. Estive recentemente em encontros empresariais nas regiões do Triângulo e do Campos das Vertentes com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, nos quais testemunhei os esforços da entidade para incentivar novos empreendimentos e fortalecer os já existentes. Vale ressaltar também a contribuição da Fiemg no enfrentamento da pandemia, com a construção de hospitais de campanha, instalação de leitos de UTI e doação de recursos e equipamentos como respiradores, álcool em gel e EPIs.

Há muito se diz que é preciso diversificar a economia de Minas, excessivamente centrada em produtos primários. Esforços são feitos nesse sentido, há avanços, mas continuamos distantes de uma evolução consistente na industrialização e na tal diversificação. Ao longo de décadas, tivemos em Minas até uma troca estéril, tendo a atração de negócios com isenções de um lado, mas, de outro, perdendo empreendimentos já instalados para estados vizinhos por falta de estímulos.

Na Assembleia Legislativa, venho trabalhando por meio da Frente Parlamentar pela Desburocratização para simplificar as exigências a que as empresas são submetidas para manterem sua regularidade fiscal junto ao Estado. Atacamos, particularmente, as chamadas “obrigações acessórias”, conjuntos de atos e documentos que uma empresa deve apresentar além do simples recolhimento do tributo e que representam um tormento burocrático para qualquer um que queira empreender.

As ações de fomento da Fiemg e de outras entidades como as associações comerciais e as CDLs, à disposição do Estado para simplificar suas exigências e a atuação do Legislativo por normas mais racionais, são exemplos de iniciativas que podem apoiar a retomada da economia. Precisamos ir além e trabalhar por mais inovação, por uma tributação menor e mais inteligente e por tornar o Estado, de fato, mais amigável para os empreendedores de todos os portes.

Se crise pode ser sinônimo de oportunidade, não poderíamos ter momento mais propício e oportuno para rever procedimentos e construir um futuro com mais recursos, empregos e renda para Minas Gerais.