Planalto

Eleições 2022: Conheça os 12 pré-candidatos à Presidência da República

Especialistas apontam que agenda econômica e radicalismo nas redes sociais serão os focos principais da disputa eleitoral deste ano

Por Heitor Mazzoco, Lucyenne Landim e Levy Guimarães
Publicado em 03 de janeiro de 2022 | 06:00
 
 
palácio do planalto Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ano de 2022 será marcado politicamente por uma das eleições para presidente mais acirradas desde a redemocratização do Brasil. Ao todo, 12 pré-candidatos estão dispostos a concorrer ao cargo máximo da República.

Caso os 12 nomes confirmem a intenção, a eleição presidencial de 2022 será a terceira em números de candidatos desde 1989 (Foram 22 nomes no pleito daquele ano e 13 candidatos em 2018). Em 1998, o pleito de reeleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também teve 12 candidatos.

Para especialistas ouvidos pelo O TEMPO, a disputa será focada na questão econômica, mas ainda teremos radicalismo no cenário eleitoral deste ano, maior que o da última eleição presidencial, em 2018.

A eleição deste ano ocorrerá no dia 2 de outubro e os eleitores brasileiros votaram para deputados (federal, estadual e distrital), senador (apenas um), governador e presidente. A disputa de segundo turno ocorre apenas entre candidatos do Poder Executivo. No caso, candidatos aos governos estaduais e presidente). Só não há segundo turno caso o vencedor do primeiro turno tenha mais de 50% dos votos válidos ou os outros candidatos não ultrapassem a soma do primeiro colocado.

Para 2022, o eleitorado brasileiro tem duas novidades: o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve disputar sua sexta eleição presidencial. Lula foi segundo colocado em 1989, 1994 e 1998. Venceu os pleitos de 2002 e 2006. Não disputou a eleição de 2010 pelo fato de a Constituição Federal não permitir que um presidente por dois mandatos possa disputar na sequência.

Em 2018, em decorrência das condenações da Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá, Lula não disputou o pleito. O ex-presidente, à época, estava preso na Carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

Lula volta a disputar a eleição após o Supremo Tribunal Federal (STF) entender que o então juiz da Lava Jato Sergio Moro não poderia julgar os casos envolvendo Lula. De acordo com o STF, os processos deveriam tramitar em Brasília e não na capital paranaense. Posteriormente, o STF também entendeu que Moro foi suspeito ao julgar o caso envolvendo o petista, depois da revelação do portal Intercept Brasil sobre relação próxima de Moro com procuradores da Lava Jato.

A outra novidade envolve justamente Moro. O ex-juiz da Lava Jato também deve disputar para presidente da eleição de 2022.

Moro deixou a magistratura no final de 2018 e assumiu o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro (PL), mas deixou o cargo em abril de 2020 ao apontar suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF).

Moro aparece como terceiro nome em todas as pesquisas realizadas até o momento. O ex-juiz, filiado ao Podemos, é visto como principal nome da terceira via em 2022.

Na ainda chamada terceira via aparecem João Doria (PSDB), governador de São Paulo, que venceu as prévias tucanas para disputar o Palácio do Planalto pelo partido. Alessandro Vieira (Cidadania), senador da República por Sergipe, é outro que colocou o nome como uma aposta para os insatisfeitos com o atual presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula.

O presidente Bolsonaro deve também disputar a reeleição. Eleito em 2018 pelo PSL, Bolsonaro está no PL, legenda que o recebeu no final do ano passado. Apesar das crises econômica e sanitária, Bolsonaro conseguiu um trunfo em 2021 e deve usá-lo na tentativa de se reeleger: o presidente aumentou o Auxílio Brasil para R$ 400. O programa substitui o Bolsa Família criado há quase 19 anos pelo rival político Lula. O movimento no tabuleiro feito por Bolsonaro visa atingir uma base forte de pessoas das classes menos favorecidas.

Rui Tavares Maluf, cientista político e professor da Faculdade de Sociologia e Política de São Paulo, avalia que Bolsonaro tem um piso de porcentagem de votos de até 22% por justamente ser o atual presidente.  

“É claro que alguém que é presidente da República e procura fortemente trabalhar esse eleitorado mais nuclear, radical, assegura um piso mínimo que dificilmente alguém tira. Qual é esse piso, 20%, 22%, pouco mais ou pouco menos, ainda é um pouco cedo para verificar. Para que uma parcela daquele sujeito que se identifica com Bolsonaro apoie uma candidatura da 3ª via, teria que haver daqui até pelo menos agosto uma situação na qual houvesse, dessa outra candidatura, uma relação custo-benefício que valeria a pena [para o eleitor]. Isso poderia se dar ou numa candidatura do Moro ou, no limite, a do João Dória”, disse o especialista.

Maluf também cita que, apesar de Lula ter ocupado a Presidência da República por oito anos, o petista deixou o governo em 2010 e a agenda atual não é a mesma de quatro anos antes.

“Em relação ao Lula, não há dúvida que há todo um saudosismo. Mas o Lula deixou o governo em 2010. Quer queira quer não, tem muito recall nisso. Por mais que seja uma figura proeminente e possa ter aparecido como vítima [na Lava Jato], e por mais que a agenda não seja a mesma da de 2018, ainda assim alguma coisa vai pesar. Há espaço nesse lapso de 10 meses para uma 3ª via se consolidar, mas é preciso uma sensibilidade para as candidaturas que aí se encontrarem. Se essas forças se degladiarem, há um risco de esfarelamento”, afirmou.

Economia e ataques de reputações serão focos de 2022, avaliam especialistas

Para o professor Maluf, a questão econômica será um dos principais temas da disputa eleitoral deste ano. “Sem dúvida alguma a agenda econômica, naquilo que se reflete na microeconomia, no que cada um pode sentir na sua vida. Toda essa questão do emprego, esse grupo muito vulnerável, a inflação, isso tudo vai ter um peso muito grande. E vai atingir o atual governo. E a questão da qualidade do emprego e da própria informalidade no mercado. Mas sempre depende de como as candidaturas souberem explorar ou não. Não basta fazer terrorismo, é preciso que se mostre solidez, com soluções”, afirmou.

Professor de história formado pela Unesp de Assis, Eduardo Lima avalia que os candidatos não vão debater saúde, educação ou segurança pública no pleito deste ano. “As campanhas, com as redes sociais, ficaram mais baratas. Hoje, uma pessoa consegue fazer um vídeo. Antigamente precisava de um estúdio, uma ilha de edição. O que justifica R$ 5 bilhões para campanha é para ser gasto em bases eleitorais. É muito dinheiro para produção de campanha. Não estamos discutindo projeto, infelizmente. Estamos discutindo pessoas e reputações. Se estivéssemos discutindo educação, saúde, segurança, não seria caro. Mas como é feito no Brasil, é caro”, disse.

Ainda segundo o historiador, a disputa deve ficar entre Bolsonaro, Lula e Moro. “O Bolsonaro é presidente, Lula é líder da oposição e o Moro que vem com partido forte e vai tentar pegar votos de todos os lados”, afirmou o professor.

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