Crise sem fim

Família Temer negociou com Yunes

Imóveis de R$ 18,4 milhões teriam sido comprados em transações com investigado na Lava Jato

Por Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2017 | 03:00
 
 
Bens teriam sido adquiridos quando Michel Temer ainda era deputado federal EVARISTO SA / AFP - 20.7.2017

SÃO PAULO. A família do presidente Michel Temer (PMDB) é proprietária de imóveis, no valor de R$ 18,4 milhões, comprados do empresário José Yunes, investigado por suspeita de corrupção na Lava Jato. Dois escritórios, uma casa e o andar de um prédio em áreas nobres de São Paulo foram adquiridos entre os anos 2000 e 2010, quando o peemedebista era deputado federal. As informações são da revista “Veja”, na edição deste fim de semana.

De acordo com a publicação, o imóvel mais valioso é um andar do prédio Spazio Faria Lima, no bairro Itaim Bibi, zona nobre de São Paulo. Segundo registro, o presidente teria pagado R$ 2,2 milhões à Yuny Incorporadora, fundada por Yunes. Nos dias atuais, o andar valeria R$ 14 milhões, segundo estimativas da revista. O imóvel está registrado em nome de uma empresa administrada por uma filha de Temer.

De acordo com a “Veja”, em junho de 2010, Yunes comprou uma casa no bairro Alto de Pinheiros, zona nobre, por R$ 750 mil. Um mês depois o imóvel foi vendido à atual primeira-dama Marcela Temer por R$ 830 mil, quantia doada a ela pelo marido antes da compra, segundo informou a assessoria do Planalto à revista. Consultores imobiliários disseram que a casa valia, à época, pelo menos o dobro do declarado.

Yunes é um dos citados da delação da Odebrecht como beneficiário de pagamentos destinados a políticos do PMDB. Ele nega ter recebido valores da Odebrecht, mas apenas um pacote entregue pelo doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB investigado na Lava Jato que está preso há um ano.

Nesse sábado (22), o advogado de Yunes, José Luis de Oliveira Lima, informou em nota que “todas as operações são regulares e perfeitamente legais”. Segundo ele, “José Yunes jamais efetuou qualquer operação comercial ou empresarial que fugisse da legalidade ou dos preceitos éticos”.

A assessoria do Palácio do Planalto informou que não se manifestará sobre a reportagem. À revista, a assessoria afirmou que os negócios foram “absolutamente normais”. Segundo o governo, os valores “foram de mercado” e, os pagamentos, feitos “com cheques de contas pessoais de Michel Temer”.

Especulações. Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, lideranças do PSDB informaram a interlocutores de Temer que a maior parte da bancada tucana – entre 15 a 20 dos 46 deputados– tem manifestado intenção de votar contra a denúncia por corrupção passiva.

Outras legendas. Partidos aliados ao presidente – entre os quais PMDB, PP, PR e PSD – fecharam questão contra a denúncia. Siglas da oposição também fecharam questão, mas a favor do seguimento do processo, como o PSB. A votação no plenário está marcada para o próximo dia 2.