O Brasil se debate, e afunda cada vez mais, preso no emaranhado de uma grave crise causada, principalmente, por lideranças políticas e empresariais criminosas. São as mesmas que ainda, por meio de seus remanescentes, estão ativas de forma absurda e livremente, aliadas a poderes aparelhados e à parcela de imprensa venal, em dura e desafiadora oposição ao aparato legal. Assim, em torno de negativos interesses comuns, tornam o Executivo e o presidente paralisados e manietados, verdadeiros reféns diante da passividade, da covardia e da leniência dos que se dizem patriotas e homens de bem.

Temos a certeza da perda de poder da nação e de sua soberania. Potências projetam poder e afrontam a nossa soberania, colocando interesses nacionais sob ameaças. Recentemente foram ameaças europeias, qualificando a Amazônia de propriedade da humanidade. Na Venezuela, junto à fronteira, forças da Rússia, da China, do Irã e da Coreia do Norte, prontas para a defesa dos respectivos interesses. A Rússia já ocupa base militar na Venezuela. O seu apoio à Bolívia foi renovado. A China ocupa, ao sul da Argentina, base para atividades aeroespaciais.

Aqui, aceitamos acordos proibitivos ao desenvolvimento de sistemas de armas nucleares, ferindo a soberania. A agravar, não destinamos verbas para pesquisas na busca de tecnologias de ponta para a área da defesa, tecnologias que agregam valor aos produtos de exportação e ao bem-estar da população. Uma solução seria destinar aos pesquisadores militares e civis recursos advindos da venda de petróleo. Afinal, a defesa do pré-sal deverá ser feita pelas Forças Armadas.

O acordo para limitação de armas nucleares foi encerrado recentemente. Esse tratado proibia armas nucleares de alcance intermediário entre 500 km e 5.500 km. Encerrado por decisão única de Donald Trump, sob protestos europeus. De imediato, inicia-se uma corrida armamentista. A Rússia vem desenvolvendo o Burevestnik, supermíssil hipersônico a propulsão nuclear de alta velocidade (27 vezes a velocidade do som) e alcance “ilimitado”. Testado com sucesso, o míssil hipersônico Avangard é capaz de contornar sistemas de defesa. Os Estados Unidos desenvolvem poderoso míssil nuclear supersônico, bem como a China.

O nosso atraso é ainda maior na área de Inteligência Artificial (IA), já aplicada em viaturas e aeronaves, em sistemas de armamentos autônomos e em auxílio à logística e à administração de recursos. Há necessidade premente de uma estratégia nacional de IA, à semelhança da China e dos Estados Unidos, os dois principais atores, seguidos pela Rússia. Os recentes avanços tecnológicos na área de IA geram corrida semelhante à espacial da década de 60.

Há que se levar em consideração extrema a capacidade da IA de influenciar o comportamento humano. A inteligência artificial vai trazer objetos inertes à vida, tal qual a eletricidade, há um século. Não existe uma definição plenamente aceita de IA: pensar como seres humanos, pensar racionalmente, agir como seres humanos ou agir racionalmente. Uma definição simplificada: são sistemas artificiais inteligentes que devem funcionar, isto é, satisfazer os requisitos para os quais foram projetados. Caso contrário, seriam classificados não como sistemas inteligentes, mas ineptos.

A definição de uma IA forte se dá em um sistema com capacidade de resolver ampla gama de problemas tal qual – ou ainda melhor – que um ser humano. Já a IA fraca é capaz de resolver apenas um conjunto restrito de problemas. As estratégias nacionais de IA estabelecem os objetivos, as prioridades, os incentivos e os padrões que uma nação se comprometerá a desenvolver em prol de seu crescimento tecnológico em IA. 

Do ponto de vista estratégico, a inteligência artificial pode ser vista como uma tecnologia de propósitos gerais para melhorar a precisão, a velocidade e a escala de tomadas de decisão autônomas em ambientes variados. Dessa forma, substituem ou melhoram a capacidade humana em tarefas de reconhecimento de padrões, de predições e de otimizações de objetivos. Em termos militares, os Estados Unidos já desenvolveram duas estratégias assimétricas baseadas, respectivamente, em armamentos nucleares e em armamentos de alta precisão e de invisibilidade a radares. Assim, a terceira estratégia americana se baseia no uso de novas doutrinas organizacionais e também no desenvolvimento de sistemas autônomos e de IA. Ficaremos nós voltados para o atraso, como país de segunda categoria?