Marcus Pestana

Equilíbrio necessário

Em defesa da política, da verdade e do diálogo

Por Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2019 | 03:01
 
 

Não há outro caminho legítimo para a construção do futuro que não o da democracia. A liberdade é o valor mais precioso na alma humana. Se isso é verdade, há que se cuidar dela. E não há democracia sem política. E ela pressupõe partidos, eleições, candidaturas, participação popular, representantes, respeito à diferença, tolerância, diálogo, construção de consensos e a busca da verdade.

Digo isso porque, apesar de as eleições de 2018 terem se dado sob um forte sentimento antipolítica, nunca houve tanta participação como hoje no Brasil, com um debate intenso e acalorado, esbarrando muitas vezes na intolerância e no sectarismo. Nesta hora se fazem necessários: equilíbrio, discernimento, serenidade e respeito aos direitos individuais e coletivos. É fundamental separarmos joio e trigo, justos e pecadores, honestos e corruptos.

Imaginem um deputado honesto, correto, de biografia limpa, respeitado por todos de A a Z, exemplo de ética e compromisso social. Imaginem um deputado federal dedicado e sério que se tornou ao longo dos anos o maior especialista em políticas sociais de toda a Câmara. Imaginem um deputado que, pela excelência de seu trabalho, conquistou nas urnas sete mandatos, sempre com campanhas modestas, para representar Minas Gerais e, particularmente, a causa das pessoas com deficiência. Se você conseguiu imaginar, o nome dele é Eduardo Barbosa.

Neste turbilhão de denúncias, investigações, delações, desvios em que se transformou o Brasil, Eduardo e todos nós fomos surpreendidos com a atitude da ex-procuradora geral da República Raquel Dodge, que, no apagar das luzes de seu mandato, apresentou denúncia contra ele, por supostas distorções na execução pela Federação das Apaes de Minas Gerais de convênio oriundo de emendas parlamentares dele.

Como secretário estadual de Saúde fiz vários convênios com as Apaes nas áreas de fisioterapia, logística, saúde bucal e no credenciamento dos serviços de saúde. Não tenho medo de errar ao dizer que a Federação das Apaes é a entidade do terceiro setor mais bem-organizada de todo Estado. Quando cheguei ao Congresso Estadual das Apaes para assinar o primeiro convênio, lá estava um graduado técnico do TCU orientando os gestores como bem executar convênios com o poder público. Fomos parceiros nas “Jornadas pela Inclusão”, e pude testemunhar a profundidade e a seriedade das ações empreendidas.

O convênio envolvia R$ 1 milhão. Os investimentos resultaram na realização, em 34 cidades mineiras, dos fóruns regionais, com a participação de 6.262 pessoas, do fórum estadual, em Uberlândia, com a participação de 475 pessoas, e do Festival Nossa Arte, em São Lourenço, com 2.800 participantes. Só quem já participou pode aquilatar sua imensa importância. O Tribunal de Contas da União aprovou a prestação de contas. E agora, surpreendentemente, surge esta descabida denúncia.

A vida de Eduardo Barbosa fala por si, ele não precisa de defesa. Mas, entre a indignação e a perplexidade, não poderia deixar de fazer esse registro. Que o Poder Judiciário corrija o mais rápido possível esse grave equívoco, para que, na cabeça de um povo tão desesperançado, um político exemplar como ele não seja lançado injustamente no lodaçal de corrupção em que maus políticos jogaram a vida pública brasileira.