Disputa entre poderes

Mateus Simões terá que deixar secretaria do governo Zema até o fim do ano

ALMG informou que não vai renovar termo de cessão dele, que é procurador concursado do Legislativo

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 05 de julho de 2021 | 17:58
 
 
Mateus Simões Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

O secretário geral de Minas Gerais, Mateus Simões, terá que deixar o posto até o final do ano e retornar ao cargo de procurador concursado da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Em meio à briga entre o governo de Minas e os deputados sobre o acordo com a Vale, a ALMG enviou um ofício para Simões o informando que não renovará o termo de cessão dele ao governo estadual, que acaba em 1º de janeiro de 2022.

“Não há alternativa. Eu sou um servidor concursado da ALMG cedido ao Estado. Sendo chamado de volta, tenho de voltar. Nunca ouvi falar de um membro do primeiro escalão ser chamado de volta”, disse Simões, citando os casos de Patrus Ananias, que foi cedido pela ALMG para ser ministro no governo Lula e de André Reis, cedido pelo governo estadual para ser secretário municipal na Prefeitura de Belo Horizonte.

Ele diz que não se sente ameaçado, mas “um pouco surpreso com a decisão”, e que espera que não seja uma retaliação, ameaça ou forma de pressão, como foi questionado pela reportagem.

O ofício datado do dia 1º de julho e assinado pelo presidente da ALMG, o deputado Agostinho Patrus (PV), argumenta que o Legislativo está sofrendo com falta de pessoal na área técnica por causa da concessão de aposentadorias e também de servidores que já têm condições para se aposentar e podem fazê-lo a qualquer momento.

“É importante destacar que há uma dificuldade muito grande de reversão desse cenário em curto prazo, pois não há concurso vigente que nos possibilite a nomeação de candidatos aprovados para reposição de pessoal”, justifica o documento.

Mateus Simões é um dos secretários que publicamente tem defendido que não é possível votar o projeto de lei do acordo com a Vale com a previsão de transferência direta de R$ 1,5 bilhão para os municípios como querem os parlamentares. O secretário defende que, pela lei, é necessário fazer o repasse por meio de convênios.

Na sexta-feira (2), Agostinho Patrus escreveu em uma rede social, sem citar nomes, mas em clara referência a Mateus Simões, que o secretário é inexperiente. “A ALMG vai votar a PEC da Vale e não será um ex-vereador de meio mandato, inexperiente, ignorante e muito presunçoso que vai nos dizer o que fazer”, publicou o presidente da ALMG.

Nas últimas semanas, já era comentado nos corredores da Assembleia Legislativa que Mateus Simões encontraria um clima nada amigável quando tivesse que retornar ao cargo concursado.

Procurada, a ALMG reforçou os argumentos da falta de pessoal citados no ofício e disse também que, após a pandemia, a expectativa é de aumento dos trabalhos legislativos, o que necessitará de mais mão de obra.