Pesquisa

Mesmo reprovando Dilma, mineiros dão aval a Pimentel 

Estudo mostra que 73% aprovam governo estadual, enquanto 70% rejeitam a gestão federal

Por Felipe Castanheira
Publicado em 26 de setembro de 2015 | 03:00
 
 
Os que fazem avaliação positiva de Dilma Rousseff somam só 8% DIDA SAMPAIO/estadão conteúdo – 24.8.2015

Um abismo separa as visões dos mineiros sobre os governos da presidente Dilma Rousseff e do governador Fernando Pimentel. Pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi mostrou que, embora ambos sejam comandados pelo mesmo partido, o PT, o governo estadual conseguiu se descolar da onda de pessimismo e insatisfação com a gestão do Palácio do Planalto.

Faltando poucos meses para completar seu primeiro ano de mandato, Pimentel registra 73% de aprovação e apenas 18% de reprovação, enquanto Dilma é desaprovada por 70% da população do Estado e aprovada por somente 30% dos mineiros. No caso do governador, 9% dos entrevistados não opinaram. Já em relação a presidente, todos apontaram suas percepções sobre o mandato.

No quadro de avaliação do governo, Pimentel foi visto positivamente por 31% dos entrevistados, número muito superior ao da presidente, com 8%. O governo de Minas foi apontado como regular por 42%, enquanto apenas 22% tiveram a mesma posição sobre o governo federal. Somente 18% avaliam negativamente Pimentel, número muito diferente do obtido por Dilma: 70%.

Também no caso da avaliação de governo, parte dos entrevistados abriu mão de responder sobre o governo Pimentel (9%).

A pesquisa mensurou também as expectativas dos mineiros em relação ao desemprego e à inflação, dados que costumam ter influência direta sobre a avaliação dos governantes. Para 59% dos pesquisados, o desemprego vai aumentar, e, para 60%, a inflação tomará o mesmo caminho.

Mesmo preocupados com a situação econômica, os mineiros não reclamam da vida que levam no Estado. A maior parte dos entrevistados, 86%, se mostra satisfeita (71%) ou muito satisfeita (15%) por viver em Minas. Os que estão insatisfeitos são 12%, e somente 2% se declaram muito insatisfeitos.

A pesquisa de opinião foi feita entre os dias 17 e 21 de setembro e abordou 2.250 moradores do Estado, com margem de erro de 2,1%. De acordo com o Vox Populi, o levantamento foi feito apenas em Minas Gerais por decisão do próprio instituto.

Futuro
Lula.
Mesmo mostrando desgaste do governo federal, o levantamento indica que os petistas ainda são avaliados de forma independente, o que anima os que apostam em uma candidatura de Lula.

Percepção de função explicaria diferença

Responsável pela pesquisa, o diretor técnico da Vox Populi, Felipe Nunes, avalia que o resultado mostra que, em Minas, a população consegue fazer uma distinção das esferas de governo. “O que mais chama a atenção é que pareceu que o mineiro está conseguindo diferenciar os trabalhos, as realizações e os desempenhos dos líderes de governo”, descreveu.

Ele afirma que, com isso, a população mostra que é capaz de perceber os diversos contextos em que as medidas de governo são tomadas e as funções de cada um dos governantes. “As pessoas entendem que os resultados em Minas são diferentes dos resultados nacionais. O cidadão é capaz de diferenciar de quem é a responsabilidade e o que o governador de Minas pode fazer”.

O estudioso acredita que esse é o motivo da diferença nas avaliações. “Se você olhar para os resultados de desemprego e inflação, que geram uma expectativa negativa, elas são de responsabilidade do governo federal”, explica.

Outro dado destacado foi como a avaliação não faz ligações partidárias. “Como os números prontamente mostram, duas pessoas do mesmo partido têm avaliações muito diferentes. “O cargo majoritário é muito centrado na pessoa, é diferente do Legislativo, no qual o partido é muito importante”, diz.

Nunes destaca que a intenção do levantamento foi ter um mapa mais claro sobre a realidade em Minas e que, por isso, o instituto não pretende realizar o estudo em outras unidades. “Nosso objetivo foi compreender como está a opinião pública hoje em dia em Minas Gerais, dado este contexto de crise econômica e política”.