Pandemia

Após confusão por vacina, deputado quer investigação contra Bolsonaro

Rogério Correia entrou com pedido na PGR para apuração por charlatanismo e improbidade administrativa

Por Fransciny Alves
Publicado em 22 de outubro de 2020 | 18:05
 
 
RADIO- CONTAGEM .ENTREVISTA COM O DEPUTADO FEDERAL ROGERIO CORREIA Fotos: JOAO LEUS / O Tempo - 23.7.19 NA FOTO Foto: JOAO LEUS / O TEMPO

O deputado federal mineiro Rogério Correia (PT) entrou com representação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Procuradoria Geral da República (PGR). Ele pede investigação do chefe do Palácio do Planalto por charlatanismo e improbidade administrativa. Em última instância, a investigação do órgão pode resultar em pedido de impeachment. 

O parlamentar cita como justificativa o cancelamento da compra da vacina para a Covid-19 (veja mais abaixo) e a propaganda de medicamentos sem eficácia para combater a doença, como vermífugo e a cloroquina. Ele ainda cita que foi gasto dinheiro público para a compra do remédio sem a comprovação da eficácia do fármaco contra o vírus. 

Correia ainda cita a troca de ministros da Saúde durante a pandemia da Covid-19. O comando da pasta passou de Luiz Henrique Mandetta para Nelson Teich em abril deste ano e, um mês depois, foi interinamente para as mãos do general Eduardo Pazuello. Ele foi efetivado no cargo em 16 de setembro.

Na quarta-feira (21), Pazuello foi diagnosticado com a doençadesautorizado por Bolsonaro. O presidente disse que o Brasil não iria comprar "a vacina da China". Na terça-feira (20), o militar havia anunciado que o governo federal assinou protocolo de intenções para comprar 46 milhões de doses da CoronaVac, que está sendo testada no Brasil pelo Instituto Butantan. 

A parceria seria feita juntamente com o governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), desafeto do presidente.  A rivalidade ficou mais clara após Bolsonaro falar nas redes sociais que essa é uma “vacina chinesa” de Doria. 

Até o Ministério da Saúde divulgou um comunicado desmentindo Pazuello e dizendo que "não houve qualquer comprometimento” com a administração de São Paulo" e que "não há intenção de compra de 'vacinas chinesas'". O comunicado causou furor entre os governadores.

Nesta quinta-feira (22), para colocar panos quentes na situação, os dois participaram de uma “live” surpresa. Nela, Pazuello disse que estão bem: “Senhores, é simples: um manda e o outro obedece. Mas nós temos carinho, entendeu?  Dá pra desenrolar”. 

“Impedir a compra de doses de vacinas que são aptas a salvar a vida de milhões de brasileiros por mero capricho político ou por divergência ideológica com um dos países produtores do medicamento contraria expressamente a norma legal, demonstrando a inexistência de imparcialidade, honestidade e, principalmente, lealdade ao próprio Ministério da Saúde que, com base em estudos técnicos, anunciou a aquisição das doses”, escreveu o petista.