Após mentir sobre diversos pontos de sua formação acadêmica, Carlos Decotelli pediu demissão do cargo de ministro da Educação, na tarde desta terça-feira (30), cinco dias após assumir o cargo. Ele foi o terceiro chefe da pasta em menos de um ano e meio de governo Jair Bolsonaro (sem partido). E outras pastas também acumulam diversas mudanças em suas chefias, como a da Saúde e da Secretaria Geral da Presidência, que estão com o terceiro titular no comando.
No total, ocorreram alterações em nove das 23 pastas que têm status de ministério. Chama atenção também as trocas que ocorreram na Secretaria Especial de Cultura, que é subordinada ao Ministério do Turismo. Foram cinco mudanças, sendo a última no dia 19 de junho, quando o ator Mário Frias assumiu o lugar deixado por Regina Duarte. Já passaram pela secretaria: Henrique Pires, Ricardo Braga e Roberto Alvim.
Durante os quatro primeiros meses da administração de Bolsonaro, a pasta da Educação já passava por momentos de turbulência. Ricardo Vélez foi demitido do cargo por desentendimentos entre militares e apoiadores do escritor Olavo de Carvalho. Por conta disso, Abraham Weintraub assumiu o lugar dele, com apoio dos olavistas, mas a gestão foi marcada por polêmicas, o que fez ele anunciar o desligamento no último dia 18.
Além de não contar com a simpatia de parlamentares e membros do próprio governo federal, a saída de Weintraub foi dada como certa depois da divulgação de um vídeo de uma reunião ministerial, em 22 de abril, em que ele chama os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos” e diz que eles que deveriam ser presos. No dia 25 de junho, ele foi substituído por Decotelli.
Significativas
A primeira troca ministerial foi em menos de dois meses de administração. Na época, Gustavo Bebianno deixou a chefia da Secretaria Geral da Presidência da República. Ele desagradou o chefe do Palácio do Planalto ao se envolver numa polêmica com o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. Ele foi foi substituído pelo general Floriano Peixoto Neto, que em junho de 2019 foi comandar os Correios e Jorge Oliveira assumiu o posto.
Outra baixa importante da gestão de Bolsonaro foi a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 24 de abril deste ano. A decisão desencadeou outras mudanças. André Mendonça assumiu a pasta e deixou a Advocacia Geral da União (AGU) sob responsabilidade de José Levi Mello. Antes disso, ele era Procurador Geral da Fazenda Nacional.
Saúde
Já em meio à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro decidiu demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde porque o então ministro defendia que a Covid-19 fosse combatida com base nas orientações técnicas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da própria pasta. Enquanto isso, o presidente adotou discurso de que o país precisava voltar à normalidade.
Nelson Teich assumiu a cadeira, mas não durou um mês, pedindo demissão em 15 de maio. Ele não concordou com a decisão do presidente de usar cloroquina para enfrentar a doença. Desde então, o general Eduardo Pazuello comanda a pasta interinamente e não há nenhuma previsão se ele vai ser efetivado no posto ou substituído por outro nome.
Veja que outras trocas ocorreram em ministérios na gestão de Bolsonaro:
Advocacia Geral da União (AGU)
Em abril de 2020
Saiu: André Mendonça
Assumiu: José Levi Mello
Casa Civil
Em fevereiro de 2020
Saiu: Onyx Lorenzoni
Assumiu: General Walter Souza Braga Netto
Ministério da Cidadania
Em fevereiro de 2020
Saiu: Osmar Terra
Assumiu: Onyx Lorenzoni
Ministério do Desenvolvimento Regional
Em fevereiro de 2020
Saiu: Gustavo Canuto
Assumiu: Rogério Marinho
Ministério da Educação
Em abril de 2019
Saiu: Ricardo Vélez Rodríguez
Assumiu: Abraham Weintraub
Em junho de 2020
Saiu: Abraham Weintraub
Assumiu: Carlos Decotelli*
*Em 30 de junho, Carlos Decotelli pediu demissão
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Em abril de 2020
Saiu: Sergio Moro
Entrou: André Mendonça
Ministério da Saúde
Em abril de 2020
Saiu: Luiz Henrique Mandetta
Assumiu: Nelson Teich
Em maio de 2020
Saiu: Nelson Teich
Assumiu: Eduardo Pazuello chefia interinamente
Secretaria de Governo
Em junho de 2019
Saiu: General Carlos Alberto dos Santos Cruz
Assumiu: General Luiz Eduardo Ramos
Secretaria Geral da Presidência da República
Em fevereiro de 2019
Saiu: Gustavo Bebianno
Assumiu: General Floriano Peixoto Vieira Neto
Em junho de 2020
Saiu: General Floriano Peixoto Vieira Neto
Assumiu: Jorge Oliveira