O primeiro pontapé de Luisa Barreto (PSDB) na corrida pela cadeira da Prefeitura de Belo Horizonte, dado na última quinta-feira (25), assustou outros pré-candidatos. Isso porque, mesmo com falta de traquejo, a tucana “deu o rosto” em um vídeo para criticar com veemência a postura do prefeito Alexandre Kalil (PSD) em relação ao combate à pandemia do novo coronavírus na capital mineira.
A coluna apurou que pelo fato de a pandemia ser um ponto sensível para todos os gestores públicos do país, era esperado um certo “armistício” informal neste momento. Mas, com a ação do PSDB, outros nomes que querem concorrer à PBH “acordaram” e ataques mais contundentes a Kalil sobre à Covid-19 que seriam utilizados somente durante a campanha eleitoral, principalmente em debates, vão ser adiantados. Além disso, esses pré-candidatos agora vão começar a aparecer, com nome e sobrenome, assim como Luisa.
Antes já estavam surgindo materiais – como máscaras de proteção – com slogans que pedem a saída do prefeito e vídeos o criticando nas redes sociais, mas sem identificação. Como a linha sobre a campanha antecipada é tênue, os que querem a cadeira de Kalil estavam se protegendo no anonimato. Alguns estavam até terceirizando o papel de alfinetar o chefe do Executivo para aliados políticos que vão ficar de fora da disputa. Mas, agora, avaliaram que não há mais sentido nessa estratégia.
Na última quinta-feira (25), membros do PSDB divulgaram um vídeo em que a tucana, vestida de azul - a cor do partido -, “explica” em tom professoral ao prefeito que “respiradores salvam vidas” e o motivo de se fazer distanciamento social. Em tom mais duro, mas sem entusiasmar, ela fala ainda que capital mineira atualmente está “toda fechada” porque o poder público não se preparou.
“O senhor (Kalil) não fez o que prometeu. Não comprou os 7.000 respiradores que prometeu e nem abriu o hospital de campanha, que ia ser no Mineirão, depois no Hilton Rocha. E, agora, o fato é que Belo Horizonte está parada, toda fechada, porque a prefeitura não se preparou”, finalizou a ex-secretária adjunta de Planejamento e Gestão do governo de Minas Gerais. A peça publicitária do PSDB termina com dados sobre a situação dos leitos de UTI na cidade.
Spoiler
Ao mesmo tempo, pré-candidatos com quem a coluna conversou disseram que a tucana também já adiantou o tom que vai adotar durante a campanha eleitoral: de técnica, especialista em gestão pública, e com uma postura séria mesmo com o “jeito” Kalil, mais explosivo e irônico. Uma curiosidade recorrente recaí sobre como ela vai lidar com o fato de ser um nome técnico, mas em um partido que têm figuras polêmicas e suspeitas de envolvimento em corrupção, como o deputado federal Aécio Neves.
Até agora, além de Luisa Barreto, devem concorrer ao comando da capital mineira: os deputados estaduais João Vitor Xavier (Cidadania) e Bruno Engler (PRTB); e os deputados federais André Janones (Avante), Áurea Carolina (PSOL) e Júlio Delgado (PSB). No PT, ainda há uma dúvida de quem vai para o páreo, se é o representante do partido na Assembleia de Minas, André Quintão ou o deputado federal Rogério Correia (PT). O primeiro nome tem ganhado mais força.
Fúria
O prefeito Alexandre Kalil e sua equipe também foram pegos de surpresa com o vídeo de Luisa Barreto. Segundo interlocutores, ele ficou extremamente irritado com o conteúdo da peça publicitária e com o teor, uma vez que trata de coronavírus e a cidade está no meio de um furacão. Por ora, ele somente deve se manifestar sobre isso se for indagado e não vai abaixar o tom combativo.
Incerteza
Isso ocorre num momento em que ainda não há certeza de quando as eleições vão ocorrer. O Senado Federal aprovou, nesta semana, proposta que adia o pleito do dia 4 de outubro para 15 novembro. Contudo, esse texto deve sofrer mudanças na Câmara dos Deputados. Isso porque os parlamentares querem protagonismo no projeto. Principalmente, porque há uma pressão do centrão, maior grupo do Legislativo, para que a eleição permaneça na data inicial.