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Repercussão

Maioria da bancada mineira critica saída de Moro e interferência de Bolsonaro

Publicado em: Sex, 24/04/20 - 15h59
Ministro da Justiça, Sergio Moto, tem provocado insatisfação entre deputados federais | Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO - 25.2.2019

A maioria da bancada mineira no Congresso Nacional é contrária a saída do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, que foi confirmada nesta sexta-feira (24). E não faltam críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mesmo entre aqueles que não eram favoráveis ao magistrado.

Os parlamentares pedem, inclusive,  investigação sobre o fato de Moro afirmar que ocorreu interferência política do Palácio do Planalto na Polícia Federal com a demissão de Maurício Valeixo do cargo de diretor geral. 

Líder do Solidariedade na Câmara dos Deputados, Zé Silva, declarou que o enfraquecimento e a falta de autonomia das instituições técnicas do Estado brasileiro é preocupante. “E se evidencia ainda mais com a demissão de mais um ministro. Sergio Moro, ex-ministro, escreveu um brilhante capítulo no combate à corrupção e ao crime organizado do Brasil”, declarou.

Ex-vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho (MDB) avalia que impeachment é o “pior dos mundos”, ocorreu no país faz pouco tempo e não é saudável pra democracia e nem pra ninguém. A possibilidade de afastamento de Bolsonaro do cargo se deu em função das declarações de Moro.

"Eu acho uma perda imensa. O Sergio Moro estava fazendo um bom trabalho à frente do Ministério da Justiça. Eu penso que você está nessa pasta ou em qualquer ministério, você tem que ter autonomia. E autonomia sobre todos os setores daquele ministério".

O secretário da Mesa Diretora e presidente do PDT de Minas Gerais, o deputado federal Mario Heringer, avaliou que já era esperada a queda de Moro porque ficou claro que o presidente tem aversão às sombras. “Ele tem uma preocupação eleitoral tão maior que a de governar que ele atira na própria sombra e esse foi um tiro no próprio pé”, falou.

Ele citou ainda a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, na última semana, por ter uma visão diferente de Bolsonaro sobre a pandemia.  “O próximo a cair vai ser o Paulo Guedes. Primeiro, porque o Guedes está sentindo que não vai dar o resultado que prometeu lá na frente e agora vai aproveitar para colocar a culpa no chefe que também tem culpa”, completou.

Nesse mesmo sentido, o deputado federal Júlio Delgado (PSB) analisa que a saída de Moro mostra que o Executivo passa por graves problemas além da pandemia do novo coronavírus. Ele diz que a queda do ex-ministro demonstra claramente que deixam em aberto as investigações em relação à família Bolsonaro com a saída de Valeixo e aproxima o Planalto do Centrão.

“Além de tudo, demonstra que o barco está afundando. Já saiu Mandetta, o ministro que o substituiu (Nelson Teich) está perdido ainda. Agora sai Moro na defesa da correção e das investigações, e o próximo pode ser Paulo Guedes”, disse.

Relator do projeto anticrime, o deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos) acredita que a União perde uma peça importante, já que o ministro era popular e tinha simbolismo dentro desse governo. Ele disse que a decisão foi recebida com perplexidade, mas que é difícil fazer uma leitura do quadro neste momento.

“O momento é grave, inspira preocupação, mas não vejo nesse momento ainda ambiente para o impeachment, embora acredite que a oposição vai fazer algo nesse sentido. Depende também em como o presidente vai se portar daqui pra frente. E essa questão está nas mãos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)”, afirmou.

Veja posicionamento de outros parlamentares da bancada mineira:

Antonio Anastasia, senador (PSD)
"Imagino que a decisão do ministro em deixar a Pasta não tenha sido fácil. Mas concordo que não podemos abrir mão de nossos valores e compromissos e daquilo que acreditamos. Desejo a ele sucesso nos seus próximos desafios".

André Janones, deputado federal (Avante)

"Dia de festa para os políticos: Moro está fora do governo. É o fim da Lava Jato. Corruptos comemoram a volta ao poder em todo o Brasil".

Bilac Pinto, deputado federal (DEM) e ex-secretário de governo de Minas

“Moro assumiu o Ministério da Justiça acreditando no fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção e ao crime organizado, defendendo sempre a autonomia da Polícia Federal. O Brasil lamenta sua saída pois seu comprometimento com a verdade é um exemplo a ser seguido”.

Carlos Viana, senador (PSD)

"Como brasileiro agradeço Moro ao exemplo e ao legado que deixa na história do combate à corrupção em nosso país desde a operação Lava Jato até o Ministério da Justiça. Sobre a troca de ministério, nós no Brasil temos um foco que não pode ser perdido que é o combate à pandemia. A troca de ministério é página comum em qualquer Estado".

Charlles Evangelista, presidente do PSL de Minas e deputado federal

"Todos recebem com muito espanto a saída do ministro Sergio Moro. No meu caso, não é diferente. O ministro representava o pilar da moralidade, o símbolo do combate à corrupção, sendo considerado o carrasco dos corruptos".

Delegado Marcelo Freitas, deputado federal (PSL)

“Como deputado federal e delegado de Polícia Federal que coordenou centenas de operações policiais, a maioria voltadas para o combate ao crime organizado e à corrupção, não é possível ficar silente neste momento. Eu apoio a decisão de Sergio Moro. Eu defendo plena autonomia da PF”.

Franco Cartafina (PP)

“Assisti com perplexidade o pronunciamento do agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. O relato dos graves motivos de sua saída, em meio às consequências sociais e econômicas da pandemia da Covid-19 aumenta a instabilidade política do país e a desolação de milhões de brasileiros. Cumprimento o ex-ministro Moro pelo trabalho e, principalmente, pela forma digna e honra com que se conduziu".

Lucas Gonzalez, deputado federal (Novo)
"Em 2018, as urnas deixaram claro que o combate à corrupção é prioridade para o povo brasileiro. As acusações na fala de Sergio Moro ao presidente Jair Bolsonaro precisam ser investigadas e esclarecidas. Não admitiremos qualquer retrocesso na luta contra a corrupção".

Odair Cunha, deputado federal (PT)
"Depois de fazer um trabalho medíocre, Sergio Moro abandona o Governo e afirma, entre várias acusações, que Bolsonaro interfere na Polícia Federal para proteger os filhos e sua milícia digital. As máscaras estão caindo".

Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB de Minas e deputado federal

"O presidente da República tem a prerrogativa de substituir ministros quando julgar conveniente e por motivos republicanos. Contudo, em meio a uma grave crise sanitária e econômica, não é o momento para fazê-las gerando também crise política que resvala em questões institucionais".

Paulo Guedes, deputado federal (PT)
"Moro faz graves revelações sobre os bastidores do governo Bolsonaro e traz à tona vários crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente".

Rodrigo Pacheco, líder do Democratas no Senado
“Sergio Moro merece ser reconhecido pelo bom trabalho realizado como Ministro da Justiça e o agradeço pela distinção com que sempre me tratou. Embora sua demissão seja uma significativa perda, não podemos perder o foco de que estamos em meio a uma grave pandemia e é fundamental a união do povo brasileiro. Como dizemos em Minas, não podemos deixar a peteca cair”. 

Rodrigo Pacheco (MG), líder do Democratas no Senado
“Sergio Moro merece ser reconhecido pelo bom trabalho realizado como Ministro da Justiça e o agradeço pela distinção com que sempre me tratou. Embora sua demissão seja uma significativa perda, não podemos perder o foco de que estamos em meio a uma grave pandemia e é fundamental a união do povo brasileiro. Como dizemos em Minas, não podemos deixar a peteca cair”. 

Rogério Correia, deputado federal (PT)
"Se o que Sergio Moro disse é verdade, dois fatos sobressaem: Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e Moro prevaricou ao esconder por tanto tempo tais fatos".

Subtenente Gonzaga, deputado federal (PDT)
“O presidente se elegeu com o discurso e com a promessa de fazer uma mudança do Brasil, no sentido de combate à corrupção e o símbolo era o Moro. Ele foi para o ministério dar essa cara, essa visibilidade, a sustentação do combate à corrupção no governo. A saída dele atirando e denunciando interferência política obviamente que por si só promove retrocesso no governo”.

Tiago Mitraud, deputado federal (Novo)

"São graves as alegações feitas por Sergio Moro de interferência política na PF e, principalmente, nas investigações no STF. O partido Novo permanecerá vigilante e cobrará respostas no combate ao crime e à corrupção".

Zé Vitor, deputado federal (PL)

“Pra mim, uma grande surpresa. Moro escreveu belas páginas na e para a história do país. Me preocupa o fato e as falas. Merece atenção. Juntemos os cacos, seguimos em frente. Em frente, Brasil”.

 

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