Minas na Esplanada

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Repercussão

Presidente da ALMG diz que é fora da curva Zema vetar projeto do próprio governo

Publicado em: Qui, 12/03/20 - 15h43

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus (PV), classificou como “fora da curva” o fato de o governador Romeu Zema vetar parcialmente o projeto que a gestão dele enviou para Casa e disse que as questões da administração estadual são de responsabilidade do chefe do Executivo. O parlamentar esteve em Brasília, na manhã desta quinta-feira (12), e conversou com exclusividade com a coluna Minas na Esplanada.

A declaração ocorre após o chefe do Executivo vetar parcialmente a proposta que reajustava o salário dos servidores da segurança pública. Neste ano, a categoria vai ter recomposição salarial de 13%, a partir de julho. Zema deixou de fora os artigos que garantiam aumentos para a classe em 2021 e 2022. Os índices eram de 12% em cada um desses anos. 

“Isso tudo está previsto na Constituição. O governador pode vetar ou sancionar um determinado projeto. O que me parece fora da curva é vetar o próprio projeto que ele enviou e que não foi modificado em nada nesses artigos. Agora, é uma mudança de visão. O próprio governador por meio de nota disse que o momento que o mundo e o Brasil vão passar com a pandemia de coronavírus pode afetar a arrecadação. Ele tem os estudos das secretarias e não me cabe comentar nenhuma atitude que ele tome”, declarou Agostinho.

O presidente também afirmou que espera que todos os agentes responsáveis sentem à mesa e discutam sobre a derrubada ou não do veto, mas ressaltou que é preciso de calma. Questionado sobre o clima no Legislativo para tratar da questão, o deputado disse que muitas variáveis têm influência nessa decisão, como a repercussão da decisão de Zema na categoria de segurança: “Essa é a decisão que cada deputado de forma íntima vai tomar na hora de decidir o seu voto”.

Ele ainda preferiu não comentar sobre a troca do comando da Secretaria de Governo, passando de Bilac Pinto (DEM) para Igor Eto (Novo), que até então era responsável pela Secretaria Geral.

“Eu torço para que o governo dê certo, para que a gestão do governador Romeu Zema seja exitosa para que Minas Gerais tenha dias melhores. Como presidente do Parlamento busco nas minhas ações e no meu trabalho contribuir. Espero que o governador tenha acertado com essa mudança”, avaliou.

Veja a entrevista com o presidente da Assembleia de Minas, Agostinho Patrus (PV), na íntegra:

Como fica agora a relação entre governador Romeu Zema e a Assembleia de Minas após a sanção parcial do reajuste dos servidores da segurança pública? Espero que com serenidade possamos todos sentar à mesa. A Assembleia tem suas responsabilidades, tem nove vetos à frente desse que foi anunciado ontem pelo governador. O aumento a que polícia buscou e foi acordado e combinado com o governo para que passe a valer esse ano acontecerá a partir de julho, mas esse ano já está garantido. O aumento do segundo artigo passaria a vigorar a partir de setembro do ano que vem. Então, não há necessidade de pressa, de fazermos as coisas de forma exacerbada. A minha preocupação é com o Parlamento. Sou o presidente da Assembleia de Minas. As questões do governo são de responsabilidade do governador Romeu Zema que toma as suas atitudes em cima das perspectivas que teve do Estado, das informações que têm de arrecadação, do que ele está enxergando e do cenário que ele tem do futuro. Portanto, não me cabe aqui comentar nenhuma atitude, nenhum veto nem nada que o governador faça. A Assembleia tem a sua independência e vai discutir dentro da Casa essas questões. 

O clima hoje na Assembleia é de que o veto vai ser derrubado? É muito difícil a gente avaliar qual será a repercussão deste veto, qual é o entendimento sobre isso, como se portarão com as forças de segurança. Isso tudo são variáveis que têm influência nessa decisão. Essa é a decisão que cada deputado de forma íntima vai tomar na hora de decidir o seu voto.

O que representa a saída de Bilac? É o segundo secretário de Governo em menos de um ano e meio que deixa o governo... Não me cabe comentar nomeação ou exoneração de nenhum secretário. Eu torço para que o governo dê certo, para que a gestão do governador Romeu Zema seja exitosa e para que Minas Gerais tenha dias melhores. Eu, como presidente do Parlamento, busco nas minhas ações e no meu trabalho contribuir. Espero que o governador tenha acertado com essa mudança. O ex-secretário Bilac Pinto fez um belíssimo trabalho, deu importante contribuição ao Estado e eu torço agora para que o seu substituto, o jovem Igor Eto, tenha também sucesso nessa trajetória. 

O senhor publicou no Twitter sobre o governo terceirizar responsabilidades. É isso que o governador está fazendo? Qual é a dificuldade do governo: diálogo ou manter acordo? Isso tudo está previsto na Constituição. O governador pode vetar ou sancionar um determinado projeto. O que me parece fora da curva é vetar o próprio projeto que ele enviou e que não foi modificado em nada nesses artigos. Agora, é uma mudança de visão. O próprio governador por meio de nota disse que o momento que o mundo e o Brasil vão passar com a pandemia de coronavírus pode afetar a arrecadação. Ele tem os estudos das secretarias e não me cabe comentar nenhuma atitude que ele tome. Agora, a Assembleia vai se reunir, vai discutir o veto que foi realizado e tomar a sua decisão. 

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