O pontapé inicial nas pré-campanhas de candidatos pelo Brasil foca redes sociais, mundo dominado por jovens que, muitas vezes, não se interessam por política.
No Twitter, plataforma conhecida pelas diversas brigas e discussões diárias, os políticos tentam amenizar o ambiente hostil com publicações leves – até, muito provável, as campanhas ganharem as ruas de todo país.
Esta investida inicial já era prevista por marqueteiros e especialistas que viram um espaço barato e rápido para disseminação de ideias e engajamento.
Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, que tentará ser reeleito em outubro, demonstra nas últimas semanas um tom debochado nas respostas. Ao ser questionado sobre o motivo de colocar sob sigilo atos que podem desgastar o governo, Bolsonaro disse a um opositor: “Em 100 anos saberá”. A ironia de Bolsonaro na resposta culminou com declarações de amor ao ex-capitão do Exército.
Na última semana, com a notícia de que um cabeleireiro interpretaria “Bolsonaro gay” no desfile das escolas de samba de São Paulo durante o Carnaval, o presidente, mais uma vez, respondeu com bom humor.
Bolsonaro publicou uma foto em que está prestes a dar um tapa na bunda de um homem durante encontro com humoristas. Seguido da tradicional risada: “kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta voltar ao Palácio do Planalto depois de 12 anos, após mudança de marqueteiro, deu sinais de que mudará o foco nas redes.
Na última sexta-feira (22), a equipe de Lula mudou a foto do perfil do petista para uma com óculos espelhado “juliet”.
"Pediram para dar uma rejuvenescida nas redes. Nova foto do perfil. Tiktok e Kwai em breve", diz a mensagem nas redes sociais.
A equipe do petista também compartilhou nesta semana uma publicação com diversas figurinhas para WhatsApp e Telegram. Há, por exemplo, figurinha com imagens de um dos depoimentos de Lula ao ex-juiz Sergio Moro.
Outro pré-candidato que entrou de corpo e alma nas redes sociais é Ciro Gomes (PDT). A equipe do pedetista criou o “Ciro Games”, uma live feita às terças, quando o presidenciável recebe convidados e participa de jogos online.
O espaço utilizado para as lives de Ciro tem total estilo da juventude. Enquanto fala, a imagem mostra, por exemplo, caneca do Super Mario Bros.
Ciro ainda tem o “React Ciro”. Neste quadro, o pré-candidato responde em vídeos curtos aos assuntos que estão em destaque no mundo político. Em um dos últimos, Ciro falou sobre ações antidemocráticas.
“Bolsonaro voltou a fazer ameaças veladas às eleições e à democracia. A ele, só digo o seguinte: você vai pagar por toda a desgraça que está produzindo. Ditadura e genocídio, nunca mais”, disse o pedetista.
Após deixar o governo de São Paulo, João Doria (PSDB) saiu em viagem pelo Brasil. Nas redes, o tucano tenta descontrair.
Em visita à Bahia, no começo de abril, Doria dançou. “Teve até dancinha na minha visita a Rio de Contas, na minha amada Bahia. Beijo carinhoso aos meus conterrâneos”, disse.
Posteriormente, a equipe do tucano postou um cordel com resumo da vida de João Doria que, na publicação, diz que podem chamá-lo “apenas de João”.
O historiador Eduardo Lima, que acompanha e analisa os processos eleitorais da última década, diz que todos os políticos e suas equipes já estão cientes da importância das redes sociais.
“Hoje não apenas jovens estão nas redes sociais. Há pessoas de 50, 60 anos que, ao menos uma (rede social) tem”, cita o professor.
“As redes sociais viraram a estrela da campanha, que dão engajamento e seguidores aos candidatos. Mas são importantes a TV e a militância orgânica. As redes sociais são um campo a mais para atuação política”, afirmou Lima.
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