Superfaturamento

Polícia Civil cumpre mandados no gabinete de seis vereadores de Nova Lima

Vereadores teriam fraudado contratos de aluguel de veículos na Câmara Municipal e foram alvo de mandados de busca e apreensão

Por Thaís Mota
Publicado em 18 de dezembro de 2020 | 20:28
 
 
Policiais civis cumprem mandados de busca e apreensão na Câmara Municipal de Nova Lima Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em residências e gabinetes de seis dos dez vereadores de Nova Lima nesta sexta-feira (18). Eles são investigados por ‘rachadinha’ e superfaturamento em contratos de aluguel de veículos na Câmara Municipal, mas o órgão não divulgou quem são os parlamentares.. 

Segundo o chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária, delegado Domiciano Monteiro, as investigações apontam que os parlamentares estariam praticando os crimes desde 2015.

“Um dos crimes investigados é o de peculato, em virtude da prática de ‘rachadinha’ por parlamentares da Câmara Municipal e assessores dos respectivos gabinetes, sendo também apurados contratos possivelmente superfaturados de aluguéis de veículos na Câmara Municipal”, detalha Monteiro.

Segundo o titular da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção, delegado Gabriel Fonseca, as denúncias chegaram à Polícia Civil ainda entre agosto e setembro, mas as investigações tiveram início após concluídas as eleições. “Nós esperamos passar o período eleitoral para de fato iniciar a investigação”, disse.

Ainda segundo ele, o prejuízo já apurado aos cofres públicos é de R$ 200 mil, mas pode ser muito maior. “Se a gente for considerar o que a gente já tem demonstrado de documentação já reunida na investigação final, a gente já tem prejuízo estimado para os cofres de Nova Lima de algo em torno de R$ 200 mil. Porém, se a gente considerar todo o período, e é isso que a gente foi buscar nessa operação de hoje, essa cifra pode chegar a R$ 3 milhões de prejuízo. Isso, apenas em relação ao superfaturamento de aluguel de veículos”.

Fonseca disse ainda que um dos contratos firmados por um parlamentar em 2015 custava R$ 4.900 mensais pelo aluguel de um Fiat Strada com 13 anos de uso. Em uma comparação feita pelo próprio delegado, nos dias de hoje, um aluguel mensal de uma Fiat Toro 0km custa, em média, R$ 3.000 mensais. “Só aí a gente tem quase R$ 2.000 de superfaturamento”, relatou. Ele relatou ainda que todos os vereadores investigados mantêm contratos mensais de aluguel que variam de R$ 4.500 a R$ 4.900.

Em outro caso, um carro alugado por um parlamentar - um Jeep Renegade - foi vendido a um morador de Uberlândia, no Triângulo Mineiro - que informou ter retirado o veículo imediatamente após a compra - mas continuou constando alugado ao vereador, que manteve o pagamento das parcelas mensais da locação. “A justificativa que foi dada é de que teria havido uma substituição do objeto contratado, ou seja, eles teriam trocado o veículo durante o contrato, mas sem modificar as cláusulas contratuais”.

O delegado informou ainda que uma locadora de veículos foi aberta em 2015 em nome de terceiros, possíveis ‘laranjas’, a pedido dos parlamentares investigados. Entretanto, ele ressalta que “as contratações desses aluguéis não se limitavam a essa locadora. Há outras envolvidas também”.

Além disso, as contratações se davam diretamente entre o vereador e as locadoras ou diretamente com pessoas físicas. “Ele conversava com essa pessoa para alugar o veículo dela para prestar serviço ao gabinete. Isso tudo sem licitação, era contratação direta”, detalha Gabriel Fonseca. 

Durante as buscas, a Polícia Civil apreendeu a quantia de R$ 70 mil em dinheiro, além de materiais que serão utilizados nas investigações, como equipamentos eletrônicos e documentos.