A terça-feira (2) será decisiva para a pré-candidatura do senador Carlos Viana (PL) ao governo de Minas. Reunião em Brasília com o presidente Jair Bolsonaro (PL) vai decidir se o PL confirma Viana como candidato ou se o partido apoiará a reeleição do governador Romeu Zema (Novo).
Bolsonaro e Zema se reuniram na última sexta-feira (29) para discutir uma possível aliança. O presidente quer que o governador seja o seu palanque em Minas Gerais, mas Zema, pelo menos até agora, resiste e não faz acenos públicos a Bolsonaro. O atual governador lidera a corrida eleitoral no Estado: a última pesquisa DATATEMPO aponta que ele tem 48% dos votos contra 23% de Alexandre Kalil (PSD), o candidato apoiado por Lula (PT).
Segundo deputados e integrantes da cúpula do PL em Minas ouvidos por O TEMPO, há a possibilidade de Bolsonaro retirar a candidatura de Carlos Viana, que tem 3,7%, para ter caminho livre para apoiar e ser apoiado por Zema, ainda que informalmente.
Por outro lado, o União Brasil também estará presente na reunião. Se Viana for mantido, há chances do partido apoiá-lo, o que daria mais tempo de TV e rádio. Sozinho, o União Brasil tem cerca de 16% do horário eleitoral gratuito.
Em Minas, o vice-presidente do PL, o deputado federal Lincoln Portela, reforçou que a decisão depende, exclusivamente, do presidente da República. “Seja qual for, eu vou seguir a decisão do nosso líder maior, Jair Bolsonaro. Seguiremos à risca, tanto se a orientação for seguir com a candidatura de Viana, tanto se teremos um candidato ao Senado”, disse.
Para Portela, o presidente não depende da candidatura própria do PL para ter um palanque e mesmo um apoio informal de Zema seria positivo para Bolsonaro. “É relativo. No caso de composição do presidente com Zema, mesmo direta ou indiretamente, ele terá um palanque”, diz.
Parte dos deputados estaduais e federais do PL preferem apoiar o atual governador. Filho de Lincoln, Léo Portela (PL) já declarou publicamente que sua atuação na eleição será para ajudar a eleger Zema.
Carlos Viana ainda não confirmou presença no debate da Band, marcado para o próximo domingo (7). Por outro lado, o pré-candidato é aguardado na sabatina realizada pela TV Record no dia 12.
A espera pela escolha de Bolsonaro adiou a definição do PL sobre a posição do partido em Minas Gerais. Embora o martelo possa ser batido já nesta terça-feira (2), a legislação eleitoral dá prazo até sexta-feira (5).
Além de Carlos Viana, também está em jogo a candidatura do ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PL), ao Senado. Se não houver candidato próprio do PL ao governo de Minas, as possibilidades seriam ele manter a candidatura, mas de forma avulsa, ou tentar se reeleger como deputado federal. A reeleição, no entanto, esbarra em acordos feitos com outros candidatos à Câmara dos Deputados para fazer “dobradinha” com a filha dele, Amanda Teixeira Dias, que é candidata à deputada estadual.
Na convenção do PL de Minas no dia 20 de julho, os nomes de Carlos Viana e Marcelo Álvaro Antônio não foram referendados ao Governo e ao Senado, respectivamente. A decisão ficou para a Executiva Nacional, presidida por Valdemar Costa Neto, aliado de Bolsonaro. Apenas as chapas de deputados foram aprovadas.
Durante discurso na convenção, Viana chegou a fazer um apelo aos deputados presentes discursando sobre o ‘sonho de ser governador um dia’.
“É ideal que nós do mesmo partido estejamos unidos no mesmo propósito. Meu nome está colocado, eu não vou desistir e tenho colocado isso com toda clareza aos deputados, apesar de toda a resistência que tenho enfrentado, que é legítima deles, mas essa decisão será tomada pela Executiva nacional”, disse na ocasião em coletiva à imprensa.
Apesar do apelo, Viana reforçou que, mesmo com a resistência dos correligionários, o martelo será batido por Bolsonaro.
“A decisão virá da presidência nacional e do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro. Nós entendemos que por conta da pré-candidatura de um nome que chegou já no final do processo, nossos deputados têm seus acordos e, naturalmente, tem toda uma série de acertos com o estado e nós queremos respeitar. Agora, o partido é soberano em decidir quem será o candidato ou se será feita alguma aliança”.
A reportagem tentou contato com Carlos Viana e com Marcelo Álvaro Antônio por ligações e mensagens, mas não obteve retorno.