Na série analítica sobre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, falo hoje sobre Luisa Barreto, nome escolhido pelo PSDB para a disputa. Sua candidatura foi confirmada nesta quinta-feira (25) na Justiça Eleitoral. Por isso, aqui falamos de pontos positivos e negativos sobre a chapa nessa corrida.
Luisa Barreto tem como trunfo o reconhecimento de que é uma técnica, com bastante conhecimento sobre contas públicas e orçamento. Ela é formada em políticas públicas e gestão governamental pela Fundação João Pinheiro e ocupou diversos cargos técnicos no Executivo, seja no governo do PSDB seja na gestão de Romeu Zema, onde era secretária adjunta de Planejamento. Em um momento de crise fiscal, esse é um ativo importante para qualquer candidato.
Também é positivo para o PSDB que tenha apostado em uma candidata jovem, mulher, que quebra o estigma e o perfil que fracassou nas últimas eleições. Depois de apostar em Pimenta da Veiga (governo do Estado, em 2014), João Leite (prefeitura, em 2016) e Antonio Anastasia (governo, em 2018), todos nomes já conhecidos e testados, o partido finalmente optou por uma nova liderança. Em um momento em que a população parece defender a renovação no cenário político, parece bem mais adequado.
Ainda a favor de Luisa está a experiência dela e do partido com os bastidores da eleição. Embora tenha fracassado pela escolha errada dos perfis de candidatos, o PSDB tem bastante experiência em campanha, sabe como ela funciona e pode aprender com esses erros. A própria Luisa, por ter participado da formação dos planos de governo de João Leite e Anastasia, teve essa experiência que pode ser útil agora.
Entre os pontos negativos, destaca-se o forte desgaste do PSDB, que afundou com os escândalos envolvendo suas principais lideranças. Em Minas, o único que resistia à crise de imagem era Anastasia, que acabou indo para o PSD. Aécio Neves, Danilo de Castro, assim como as lideranças paulistas de Geraldo Alckmin e José Serra, hoje estão muito mais preocupados em debater questões judiciais e provar inocência do que efetivamente com as campanhas políticas. Mesmo João Doria, o líder mais recente, enfrenta forte rejeição. Isso explica o fato de Luisa nem usar o amarelo e azul do PSDB em suas peças.
A candidata também é considerada pouco vibrante, sem traquejo para a campanha. Os vídeos e peças que fez até agora receberam avaliação no meio político de que são desanimados. A timidez e o perfil mais ponderado, de voz mais tranquila, num cenário de 16 candidatos, dificulta que a candidata chame a atenção do eleitor. Não é tarefa fácil sair do bolo de tantos candidatos. É preciso notoriedade.
Ainda nessa esfera, destaco o próprio desconhecimento da candidata para a maioria do eleitorado. Evidentemente isso torna a tarefa de ser eleita muito mais difícil. Luisa Barreto vai ter que gastar muito mais dinheiro e tempo para tornar-se uma figura relevante no cenário político, enquanto alguns dos concorrentes já poderão tratar de propostas de governo. Isso explica a preocupação em investir nas redes para exibir ao máximo a imagem da candidata. Certamente, isso significa largar alguns metros atrás.