Política em Análise

Bolsonarismo e Lavajatismo se divorciam

Os sinais de ruptura ficaram claros ontem com a escolha de Augusto Aras para a PGR

Por Da Redação
Publicado em 06 de setembro de 2019 | 03:00
 
 

A união de dois fenômenos nas últimas eleições garantiram ao presidente Jair Bolsonaro quatro anos de mandato no comando do país. Mas eles estão se divorciando. Bolsonarismo e “Lavajatismo” estão em pé de guerra nas últimas semanas e, aos poucos, muitos dos apoiadores do presidente começam a ver chegar a hora de escolher um lado. Vários optaram por ficar com a maior operação de combate à corrupção da história do país e, com isso, passam a abandonar o barco do Planalto.

Os sinais do divórcio são evidentes e foram enfatizados ontem com a escolha de Augusto Aras para a Procuradoria Geral da República (PGR). Ao escolher um nome de fora da lista tríplice e crítico da Lava Jato para chefiar o Ministério Público Federal (MPF), o presidente fez muita gente ligada à operação cuspir marimbondos.

O coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, e outros integrantes de forças-tarefas da ação em vários Estados, foram às redes sociais esbravejar. E, nessa esteira, nos comentários, muita gente confessou ter abandonado o apoio ao governo.

Piorou o cenário os relatos de bastidores de que a indicação de Aras contou com um grande acordo, que incluiu Bolsonaro, Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Esses três são considerados inimigos da operação.

Esse não é o primeiro embate entre o núcleo bolsonarista e a Lava Jato. Deltan Dallagnol, foi chamado de ‘esquerdista’ e ignorado, mesmo quando a tropa que apoia o presidente defendeu seu nome para a PGR. Assim também se deu com Thaméa Danelon, próxima a Deltan, mas relacionada à Lava Jato de São Paulo.

Enquanto isso, na Esplanada dos Ministérios, o maior representante do legado da Lava Jato, o ministro Sergio Moro vem sendo desautorizado com frequência, ainda que, após pesquisas mostrarem sua força, tenha ganhado afagos públicos de Bolsonaro. Os recados sobre as mudanças na PF e a escolha para a PGR mostra, porém, que ele e o presidente não falam mais a mesma língua.