Política em Análise

Empurrando com a barriga

A solução buscada por Zema para sanar parcelamentos de salário não é nem nova nem saudável

Por Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2019 | 03:00
 
 

A solução buscada pelo governo de Minas para sanar os constantes parcelamentos de salário e o atraso no 13º do funcionalismo público não é nem nova nem saudável. A estratégia de antecipar recursos da extração de nióbio por meio de um empréstimo bancário tende a ser mais uma daquelas que empurra o problema com a barriga para que, lá na frente, um milagre socorra o Estado do caminhão de dívidas que acumula.

Hoje, Minas Gerais já não paga suas dívidas com a União. Assim, seu endividamento sobe mês a mês. Ao antecipar os recursos do nióbio, ficará com outro boleto nas mãos e sem renda. É como aquele trabalhador que, enrolado, faz empréstimo consignado e vê o problema piorar mês a mês com um salário menor e despesas cada vez maiores.

É claro que o servidor não tem nada com isso e merece receber em dia. E a atual gestão nada tem a ver com o problema criado pelas administrações anteriores. Mas se a única solução que o governo do Partido Novo tem é pegar um empréstimo e entregar a conta para os futuros governantes, não difere muito do que fizeram as gestões passadas.

Aliás, o próprio PT de Fernando Pimentel tentou pegar um empréstimo de R$ 2 bilhões, utilizando estatais com o objetivo de pagar precatórios. A operação foi barrada pelo Tribunal de Contas e pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, após render bons debates na Assembleia.

A esperança do governo é resolver a situação de forma imediata e, lá na frente, se virar para aprovar o pacote de recuperação fiscal, para ter uma solução mais definitiva. Porém, sabe-se que é bastante improvável que o pacote avance. E aí como ficará Minas com um buraco ainda maior e sem os recursos do nióbio?