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Em um dos momentos de maior tensão com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o governador Romeu Zema foi duramente criticado pelo comando da Casa quando, em uma entrevista de TV, em março, o chefe do Executivo estadual disse que o pagamento dos repasses atrasados aos municípios dependia da votação do pacote de recuperação fiscal pelos deputados estaduais.
Na época, em nota, a Mesa diretora lembrou que o regime de recuperação impõe medidas duras, como privatização de estatais, congelamento de salários do funcionalismo e vedação de concursos públicos e que tal decisão não poderia ser tomada sem prévio e amplo debate no Parlamento. Houve um chamado para que o governo tivesse responsabilidade com a questão.
A irritação era enorme pelo fato de Zema ter jogado nas costas dos deputados um problema que, na avaliação deles, era do Executivo.
Pois parece que o Executivo não aprendeu a lição com aquela crise. Ontem, no desespero para tentar impedir manifestações na Cidade Administrativa e para acalmar os servidores da segurança pública, o governo, por meio da Secretaria de Fazenda, disse que a recomposição de 28,8% pedida pela categoria será possível com a aprovação do plano de recuperação fiscal e com uma operação de crédito para antecipar royalties do nióbio.
Ou seja: como fez com os prefeitos, agora diz aos servidores que a bola está nas mãos da Assembleia, como quem diz: pressionem lá os deputados. Como na outra vez, certamente isso terá consequências e uma resposta virá no plenário, ou em discursos ou em represálias.
O governo conseguiu, ao menos por enquanto, controlar a crise com o setor de segurança, mas pode ter ampliado outra com os deputados estaduais.
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