Política em Análise

Novo mas nem tanto

No poder, o Novo parece, em muita coisa, com partidos que já estão aí há anos; são vários os exemplos que mostram que a legenda envelheceu bastante em pouco tempo

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 02 de setembro de 2019 | 08:47
 
 

Você conhece o partido Novo? Assim, com essa frase, apoiadores da legenda paravam eleitores nas ruas nos últimos anos para apresentar a sigla que seria um contraponto aos partidos já existentes no país. Com práticas diferentes daquelas que o cidadão está acostumando a ver nos políticos de sempre. No poder, porém, o Novo parece, em muita coisa, com partidos que já estão aí há anos. São vários os exemplos que mostram que a legenda envelheceu bastante em pouco tempo.

O caso mais emblemático dessa guinada do partido para posturas tradicionais se deu com a nota e a decisão sobre a não expulsão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Já condenado pela Justiça por improbidade administrativa e com uma gestão fortemente criticada pela opinião pública e por quase todo o mundo ocidental, ele segue na legenda sem qualquer tipo de punição. O partido saiu com a antiga declaração de que “ele é só um filiado” e “não representa o partido”. Lembra muito do que fizeram no passado PT, PSDB, DEM, MDB e outros quando algum de seus membros foi pego com a boca na botija. Aliás, partido político só expulsa filiado que desrespeita suas determinações na hora de votar. Questões éticas geram contemporização. Não há nada mais antigo nisso.

Não foi só. Aqui em Minas, onde ocupa o cargo mais importante, o de governador de Estado, o partido também deu mostras de envelhecimento. No episódio da demissão de Custódio Mattos da secretaria de governo, houve articulação política forte por baixo dos panos. Três importantes representantes da legenda se uniram para articular contra o tucano e cavar um vaga para um aliado do DEM em troca de uma aliança velada nas eleições municipais. Cargo sendo usado para barganha política. Isso sem contar com as promessas de campanha descumpridas e a truculência com a imprensa, o que também de Novo não tem nada.

Ouça o comentário do editor de Política, Ricardo Corrêa: