Risco

Temer pede a quebra do sigilo

Peemedebista defende a divulgação do conteúdo da delação da Odebrecht para evitar crises no país

Por Da Redação
Publicado em 07 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
Tranquilo. Temer acredita que a base de apoio que construiu no Congresso vai aprovar as reformas Beto Barata/PR

Rio de Janeiro. Se dependesse do presidente Michel Temer, o ministro Edson Fachin, novo relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), suspenderia o mais breve possível o sigilo em torno das delações dos 77 executivos da construtora Odebrecht. Fachin substituiu o colega Teori Zavascki, morto em um desastre de avião em Paraty, Rio de Janeiro. Em entrevista ao jornal “O Globo”, o presidente argumenta que o vazamento das delações, aos poucos, traria muita instabilidade ao país.

“Imagine o que poderia acontecer se as delações demorassem a ser divulgadas. Ou se fossem divulgadas aos poucos, uma por semana, digamos. Seria muito ruim para o país e, é claro, para o governo”, afirmou.

O presidente disse não estar preocupado com a possibilidade de integrantes de seu governo serem citados nos acordos da empreiteira. “Quem for atingido pelas delações que se explique e que se defenda. Depois avaliaremos o que fazer. Quanto a mim, minha preocupação com isso é igual a zero”.

Temer foi citado 43 vezes no documento do acordo de delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. Em 2014, Temer pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht, então presidente da empresa, para a campanha eleitoral do PMDB naquele ano. Ele conta que teve a curiosidade de ler com atenção a íntegra da delação de Melo Filho que foi vazada.

“Quem se limita a ler apenas os títulos das matérias publicadas a respeito pode ficar com a impressão de que fui citado por envolvimento em 43 negócios. Mas não. Fui citado 43 vezes porque está escrito ali: ‘Aí Temer me convidou para conversar. Aí Temer me recebeu na sala. Aí Temer perguntou se eu aceitaria um café...’ Para contar uma única história, meu nome foi mencionado 43 vezes”, explica o peemedebista.

Temer revelou que ganha corpo entre juristas que acompanham as investigações das contas da chapa Dilma-Temer em 2014 a tese de que pode ter havido alguma infração penal, mas eleitoral, não. Se penal, o caso seria arquivado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dele se ocuparia a Justiça comum. Ou seja, ele não poderia perder o mandato. “Estou muito tranquilo, pelo que ouço dos meus advogados”, afirmou o presidente.

Durante a entrevista, o peemedebista demonstrou uma “euforia contida” com o resultado das eleições para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado. “Não me meti nas eleições. Mas os resultados foram plenamente satisfatórios para o governo”, afirmou.

Com o resultado, o presidente acredita que terá uma base confortável para aprovar as reformas no Congresso. “Ao assumir o cargo, nas condições em que assumi, vi que a minha principal tarefa seria a de montar uma base no Congresso para aprovar as reformas. Popularidade?Ela virá se eu for bem-sucedido”, afirmou.

Frases

“Imagine o que poderia acontecer se as delações demorassem a ser divulgadas. Seria muito ruim para o país e, é claro, para o governo.”

“Quem for atingido pelas delações que se explique e que se defenda. Depois avaliaremos o que fazer. Minha preocupação com isso é igual a zero.”
Michel Temer