O governador Romeu Zema (Novo) e o secretário de Estado de Infraestrutura, Marco Aurélio Barcelos, se reuniram ontem com representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para tratar do projeto de construção da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte, que pretende ligar o Barreiro ao bairro Calafate.

“Faremos tudo o que for possível para concluir as obras. Contamos com o apoio da bancada mineira, que tem sido decisiva para que esse projeto vá adiante. Estou otimista. Esse projeto é um sonho para nós. Minas precisa, após décadas, finalmente, ampliar o seu metrô”, afirmou Zema.

As obras seriam realizadas com recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão para investimentos na Linha 1 (atual) e na construção da Linha 2, que vai até o Barreiro, o que representa 10,5 km de linha férrea para sete estações. 

Esse recurso é oriundo de um acordo judicial com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que, segundo o governo, abandonou operações em Minas. Ainda não há data para o início da obra, mas Zema espera conseguir viabilizar a concessão das linhas até o final de sua gestão, em 2022 – caso não tente a reeleição. 

O superintendente regional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Miguel Marques, declarou que, com os recursos, as obras podem começar imediatamente. “É uma obra que já foi iniciada e depois paralisada por falta de recursos. Já está quase toda em processo executivo, então, se recebermos essa verba, poderemos começar o canteiro de obras no dia seguinte”, afirmou Marques.

O governo federal também analisa, segundo Marco Aurélio Barcelos, estadualizar o metrô de BH ou privatizar. “Nós estamos neste momento viabilizando os estudos que vão nos guiar: quais são os melhores caminhos, qual a melhor direção, seja para aplicação desses recursos, seja para estadualização da CBTU e da operação das linhas existentes”, disse Barcelos.

O secretário, no entanto, em tom de cautela, declarou que o caminho para viabilizar a Linha 2 é longo. “Não podemos sair por aí prometendo sonhos. Metrô de Belo Horizonte já teve idas e vindas. E agora nosso principal desafio é fazer com que o caminho seja unidirecional (...). Há cenário positivo, e estamos trabalhando junto ao governo federal para conseguir que esses recursos sejam destinados à Linha 2 e que a Linha 1 também possa voltar à administração do Estado de Minas Gerais”, afirmou Barcelos.

Legislativo

Na semana passada, parlamentares mineiros fizeram o trajeto da possível Linha 2 do metrô, entre eles o senador Carlos Viana (PSD). Ontem, em entrevista à rádio Super 91,7 FM, o parlamentar ratificou a previsão de entregar o projeto em quatro anos.

“Já temos obras prontas para a linha, que estão paradas. É uma obra que pode ser feita em 48 meses, assim que o dinheiro estiver liberado. Vamos decidir se quem vai fazer será o governo do Estado ou as prefeituras. Entendo que o melhor é que seja feito pelo Estado, pois envolve outros municípios”, disse Viana. 

2002

A última vez em que o metrô de Belo Horizonte teve novidades foi em 2002, quando três estações da Linha 1 (São Gabriel, Primeiro de Maio e Waldomiro Lobo) foram inauguradas. O governador, à época, era Itamar Franco. A partir de então, diversos anúncios de ampliações e construções de linhas foram feitos, mas nunca saíram do papel. 

Chegou-se a dizer que, além da Linha 2, que vai até o Barreiro, na região Oeste de Belo Horizonte, a capital mineira contaria ainda com a Linha 3, que teria estação até a Savassi, na região Centro-Sul da cidade. Os anúncios já passaram por três governos federais. Em 2008, por exemplo, o então governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), afirmou que o Estado tinha liberação e aval do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Em 2010, durante campanha eleitoral, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o dinheiro sairia.
Um ano mais tarde, já no cargo de presidente da República, Dilma anunciou o projeto de ampliação do metrô da capital por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), o que também não ocorreu. 
Em 2014, Dilma voltou a prometer verba de mais de R$ 2 bilhões, mas nada foi feito. Michel Temer, no curto prazo en que ficou na Presidência da República, também anunciou verba, neste caso, para ampliação da Linha 1. O valor ultrapassava R$ 150 milhões, mas a obra não teve início.

BNDES

Os estudos para obras no metrô estão sendo contratados pelo governo federal por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.