A Aliança Nacional LGBTI+ condenou a atitude da torcida do Atlético no clássico contra o Cruzeiro, no último domingo, no Mineirão, quando os torcedores alvinegros usaram o candidato a presidente Jair Bolsonaro para provocar os cruzeirenses. Em nota, a entidade afirma que os atleticanos conseguiram “atingir o grau máximo de discurso preconceituoso”, que as pessoas que entoaram o cântico seriam eleitores do candidato e pedem ações dos órgãos que regem o futebol para que esses fatos não se repitam.

Apesar de o Galo ter se posicionado de forma oficial, a Aliança Nacional LGBTI+ não considera a atitude como suficiente. “Tratar tais fatos de forma genérica como foram tratados não contribui para a formação de uma nação igualitária, além de acabar por induzir os demais a pensarem que tal atitude é aprovada pela instituição”, afirma.

A organização acredita que os torcedores que fizeram o cântico são eleitores de Bolsonaro. “Ao que se deduz, os gritos foram encorajados por eleitores de um candidato à Presidência da República. Amparada nestes fatos, a mesma ofende a torcida adversária com os seguintes dizeres: "Ô Cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar v..." (sic).

A Aliança Nacional pede ainda que ações sejam feitas para coibir a prática da homofobia. “Pedimos que a Federação Internacional de Futebol (FIFA), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Mineira de Futebol (FMF) façam campanhas com os clubes brasileiros de futebol voltadas para a promoção do respeito à orientação sexual e à identidade de gênero. A Aliança Nacional LGBTI+ se coloca à disposição como parceira nesta empreitada”, diz a nota.


Confira a íntegra da nota publicada pela Aliança Nacional LGBTI+:

A Aliança Nacional LGBTI+ vem manifestar seu total repúdio quanto às manifestações ocorridas durante o jogo de futebol entre Cruzeiro Esporte Clube e Clube Atlético Mineiro, no dia 16 de setembro de 2018, no Estádio Independência em Belo Horizonte – MG

A torcida do Clube Atlético Mineiro, na ocasião, conseguiu atingir o grau máximo de discurso preconceituoso. Ao que se deduz, os gritos foram encorajados por eleitores de um candidato à Presidência da República. Amparada nestes fatos, a mesma ofende a torcida adversária com os seguintes dizeres: "Ô Cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar v..." (sic).

Os espaços que existem na sociedade são para o direito a convivência de todos e todas, não apenas de um determinado segmento. De fato, os campos de futebol já foram tratados como locais exclusivos da presença masculina, negando a inclusão de mulheres e demais minorias. Hoje, isto não é mais aceito, se percebe que os estádios de futebol estão se tornando um espaço de respeito e dignidade para toda a família.

O fato ocorrido, não apenas expressa o preconceito enraizado na mentalidade de grande parcela de brasileiros, mas demonstra a influência de um discurso de formadores de opinião e ditos representantes do povo.

É importante lembrar que inúmeros países espalhados pelo mundo punem a homossexualidade com prisão e até mesmo pena de morte. Neste contexto, é inadmissível vermos ainda hoje, em um país das mais variadas expressões afetivas, que um grupo de forma direta ou indireta, defenda ou compactue com a "morte" de algum semelhante.

É de extrema importância que a temática da LGBTIfobia seja debatida amplamente para que tais fatos não ocorram mais, e nossas futuras gerações possam crescer mais conscientizadas e assim conquistarmos um futuro melhor e mais inclusivo.

Pede-se diante de tais fatos que a diretoria do Clube Atlético Mineiro se manifeste de forma coerente e a altura da gravidade do fato ocorrido, para fins de rechaçar tais atitudes homofóbicas e promover o enfrentamento de toda e quaisquer formas de LGBTIfobia, além contribuir de forma clara para a inclusão de minorias e a defesa dos direitos humanos.

Tratar tais fatos de forma genérica como foram tratados não contribui para a formação de uma nação igualitária, além de acabar por induzir os demais a pensarem que tal atitude é aprovada pela instituição.

Pedimos que a Federação Internacional de Futebol, a Confederação Brasileira de Futebol e a Federação Mineira de Futebol façam campanhas com os clubes brasileiros de futebol voltadas para a promoção do respeito à orientação sexual e à identidade de gênero. A Aliança Nacional LGBTI+ se coloca à disposição como parceira nesta empreitada.