Semana de clássico sempre muda para o torcedor. Em Minas Gerais, estado que sedia uma das maiores rivalidades do país, não seria diferente. Simpatizantes e até quem não conhece nada de futebol toma um lado em dia de Atlético e Cruzeiro. A equipe de O Tempo Sports conversou com atleticanos para relembrar os clássicos mais marcantes.
Na Arena Independência, nesta segunda-feira (13/2), mais um capítulo desta história centenária será contada. A partir das 20h, pela 5ª rodada do Campeonato Mineiro, o duelo irá retornar ao Horto, local que não acontece jogos entre as duas equipes desde 2019.
Para o Galo, a temporada de 2019 no Independência em clássicos foi marcante. Em três duelos que aconteceram no estádio, o Atlético venceu duas partidas e empatou uma. Apesar da vitória na Copa do Brasil por 2 a 0, o time alvinegro foi eliminado da competição. Pelo Mineiro, empatou por 1 a 1 e perdeu o título do Estadual. Já pelo Brasileirão, venceu por 2 a 0.
Para ajudar a contar capítulos já escritos desta história, conversamos com dois torcedores atleticanos. Aline Medeiros, de 39 anos, que fez sua estreia em estádios em um clássico, e Marcus Rodrigues, de 27 anos, que incentivou sua esposa a amar o Galo, como ele.
Estreia de gala!
Em 1997, Belo Horizonte sediou a Copa Centenário. A competição internacional, foi elaborada pela Federação Mineira de Futebol (FMF), e reunia oito clubes de quatro países, que foram divididos em dois grupos. América, Atlético, Cruzeiro, Flamengo, Corinthians, Olimpia-PAR, Benfica-POR e Milan-ITA foram as equipes participantes do torneio.
Após a primeira fase, os dois primeiros colocados dos grupos disputaram a grande final. Atlético e Cruzeiro decidiram o título no dia 9 de agosto, e terminou com a vitória do Galo por 2 a 1, com gols de Leandro e Valdir. Este grande duelo está na história de Aline Medeiros. Esta foi a primeira partida que ela acompanhou no estádio.
Com 13 anos, Aline era proibida pelos pais de ir aos estádios acompanhar o Galo. Porém, aquele dia foi diferente. Saindo escondida de casa, a torcedora acompanhou a partida com os amigos da escola na antiga geral do Mineirão. “Falar de clássico é interessante, porque meu primeiro jogo no estádio na vida, foi um clássico. Eu poderia citar este clássico como o mais sensacional da minha vida, porque nele eu fui escondida, fui de geral, foi incrível”, disse a torcedora alvinegra.
Porém, nem tudo são flores. Como Aline não poderia de jeito nenhum ir ao estádio de futebol, quando os pais descobriram, a reação não foi nada boa. “Eu vi na escola alguns amigos indo, e resolvi pedir a eles para me levarem. Os meninos aceitaram e compraram os ingressos para o jogo. Eu não sabia nem que iríamos de geral, não conhecia nada. Depois de ter sido descoberta pelos meus pais, fiquei de castigo. Eu não podia ir ao estádio”, disse Aline.
“Estava muito cheio, apesar da pouca visibilidade, foi inesquecível. Meus amigos me ‘escoltaram’ para ninguém encostar em mim”, completou a torcedora alvinegra. De lá para cá, já foram inúmeros clássicos que a Aline foi ao estádio, mas o que mais marcou a atleticana foi o seu primeiro jogo do Galo.
Aline Medeiros foi pela primeira vez em estádio no clássico entre Atlético e Cruzeiro - Reprodução/ @alindamedeiros
Seu maior amor, para seu ‘novo’ amor
Em véspera de pandemia, ninguém sabia como seria a vida dali para frente, Atlético e Cruzeiro se enfrentaram no Mineirão, em março de 2020. Pela 8ª rodada do Campeonato Mineiro, o Galo venceu seu adversário por 2 a 1, com gols de Igor Rabelo e Otero. Por ser o último clássico com público antes da Covid-19, esse foi o confronto mais marcante de Marcus Rodrigues.
O torcedor sempre foi assíduo em estádios pelo Brasil, acompanhando o Atlético. Em 1999 ele viu seu primeiro clássico ‘in loco’, com a vitória do clube do coração por 4 a 2. A partir daí, ele criou uma paixão ainda maior pelo futebol e estreitou os laços com o pai. Em 2020, o torcedor alvinegro queria mostrar para a sua esposa Manuela Barbosa, o que o Atlético significava para ele, principalmente em clássicos.
Foi assim, então, que Marcus levou a amada para acompanhar sua maior paixão. “Por ser tão apaixonado pelo Galo e adorar ir aos clássicos, sempre falei deles para minha esposa, que virou atleticana por minha causa e, por isso, não poderia deixar de mencionar o primeiro clássico que fomos juntos, no jogo de 2020, que o Galo ganhou do Cruzeiro de 2 a 1 com o gol belíssimo do Otero”, disse o torcedor.
Conhecendo a paixão de Marcus pelo Atlético, Manu começou a amar e ir aos estádios também. “Apesar do Marcus falar muito, eu achava que não era nada demais, que seria apenas mais um jogo. Eu não dei muita importância. Porém, durante a semana, todo mundo falava apenas sobre o clássico, e eu ficava pensando ‘gente, mas é só um jogo’. Quando cheguei no Mineirão, o clima já era diferente. Eu já senti que era um jogo diferente. Foi a primeira vez que arrepiei entrando no estádio. Todo mundo gritando, cantando as músicas, foi muito legal”, relatou a torcedora alvinegra.
“Quando começou o jogo (em 2020), foi muito emocionante. Essa foi a primeira vez que me emocionei com uma partida do Galo, e me animei e senti vontade de torcer. Foi assim que vi que não era só mais um jogo, e entendi a comoção da cidade. Apesar do Marcus falar muito, não achava que era isso tudo. Quando cheguei lá, quebrei a cara e vi que era muito emocionante. Você sente todas as emoções. Terror por achar que vai dar tudo errado e perder, mas quando o time ganha é incrível. Foi assim que comecei a gostar do galo, mesmo”, finalizou Manuela. O amor do Marcus pelo Galo, passou para a sua esposa e o clássico foi a maior prova desse sentimento.
Marcus apresentou o amor pelo Galo para a Manuela em um clássico - Reprodução/ @_marcusvrc