Vinte e oito anos depois de seu último Cruzeiro e Atlético como jogador, o agora não mais 'menino Ronaldo' retorna a Belo Horizonte como o Fenômeno. Será o primeiro clássico do 'patrão', o acionista majoritário da SAF celeste. Mesmo que o acordo ainda não tenha sido assinado de forma oficial (o prazo agendado é o fim deste mês), encerrando a fase de apurações sobre o real estado da Raposa, a presença de Ronaldo no ambiente e na administração celeste é um ganho que não se mensura apenas em resultados. É visivelmente um fator motivador. 

Lá atrás, aquele garoto que despontava para o mundo do futebol, divertindo-se e fazendo o atleticano Kanapkis sofrer com seus dribles desconcertantes, talvez não pudesse imaginar a importância que ele ainda teria dentro da história celeste. Ronaldo é um dos principais trunfos do início de ano esperançoso do Cruzeiro, que agora tem o grande teste até então contra o time que é considerado o melhor do país na atualidade. 

Seja por falas ou ações, Ronaldo traz uma nova dinâmica ao maior clássico do futebol de Minas Gerais. Preferiu marcar presença física mesmo, no estádio, contra o Atlético no domingo (6), além de promover algo que há muito faltava na eterna batalha dicotômica entre alvinegros e celestes, a possibilidade de um tratamento civilizado, emulando até mesmo a experiência que Ronaldo, um cidadão do mundo, conhece de praxe na Espanha, quando dirigentes de times adversários se confraternizam antes dos jogos e assistem o duelo juntos, na Tribuna. A promoção da mensagem de paz é simbólica e diz muito em um momento onde o futebol brasileiro escancara ódio. 

"A rivalidade tem que existir, mas dentro de campo. Fora de campo cada um tem que trabalhar no seu objetivo, tentando melhorar o produto futebol, isso que temos que fazer cada vez mais daqui para frente. As declarações que os dirigentes dão acaba incitando mais violência, isso é o contrário que queremos fazer", pregou Ronaldo. 

O ex-jogador e sua visão empresarial sobre um futebol sucateado como o brasileiro é aquela esperança de que gestões sérias, com responsabilidade fiscal e planos de metas a média e longo prazo podem trazer efetivamente resultados. E o Cruzeiro é sua grande missão. E a marca Ronaldo é, sem dúvidas, imensurável. Vai dos patrocínios à certeza de que o salário de funcionários e atletas cairá na conta.

No domingo, dos camarotes do Mineirão, o 'patrão', como a torcida já o apelidou, estará de olho no Cruzeiro, no seu projeto e no seu investimento. Mais do que aquele garoto franzino de 28 anos atrás, hoje Ronaldo é uma marca e traz para o clássico mineiro todo o peso de sua história.