Se em campo o time do Cruzeiro parece ter encontrado seu caminho, fora das quatro linhas a Associação - que na divisão da SAF ficou responsável por gerir os clubes de lazer e a sede administrativa do Barro Preto - passa por dificuldades. Desde a semana passada, 35 funcionários da Associação Cruzeiro foram demitidos. Os cortes foram confirmados pelo clube, que afirmou que novos desligamentos não estão previstos. 

Quem frequenta os clubes de lazer ainda relata que a situação é crítica, principalmente depois da pandemia. Um conselheiro, que pediu anonimato, contou que houve uma diminuição na arrecadação do clube com eventos tradicionais, como o Churrascão e a Festa Junina, por exemplo, e que visivelmente há menos funcionários atendendo aos frequentadores. 

Demitido neste ano, um funcionário, de 64 anos, disse que o Cruzeiro não está fazendo o devido acerto com quem é desligado. "Não pagaram nem meus dias trabalhados, nem férias, rescisão ou 13º. O sentimento que fica é o pior possível sentimento é o pior possivel. O futebol te envolve sábado, domingo, feriado, ficar longe da família e você se dedica 100%. De uma hora para outra você é carta fora do baralho, depois de 24 anos prestando serviços para o clube", afirmou um funcionário desligado, que entrou na Justiça para conseguir receber. 

Nesta terça-feira (12), a Associação Cruzeiro protocolou pedido de recuperação judicial, uma veículo de negociação de passivos (dívidas) e ativos (bens e direitos) em um processo de reestruturação do clube. No último balanço financeiro divulgado pelo Cruzeiro, as dívidas giravam em torno de R$ 1 bilhão. No documento entregue à Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, o valor da causa é de R$ 537 milhões. 

O Cruzeiro reconheceu no protocolo de recuperação judicial que houve queda na arredacação do clube, principalmente depois que o time caiu para a Série B. A receita operacional bruta que era de R$ 289 milhões em 2019, passou para R$ 123 em 2020. Outra queda significativa foi no valor de direitos de transmissão, que reduziu de R$ 102,5 milhões para R$ 40,4 no mesmo período descrito acima. Esse foi outro ponto apresentado no documento entre à Vara Empresarial.

Uma das medidas já tomadas pela associação para ajudar a fechar as contas foi alugar a sede administrativa do Barro Preto ao Supermercados BH. Um contrato de aluguel com a rede foi fechado até 2031. O clube recebeu R$ 9 milhões por todo o período do vínculo e utilizou o recurso para quitar salários atrasados de jogadores e funcionários.

O Cruzeiro foi questionado se fez o devido acerto com os funcionários demitidos, e sobre a reclamação do conselheiro, frequentador dos clubes de lazer. Também foi perguntado se há outra medidas, além do corte de funcionários e do pedido de recuperação judicial para sanar as despesas da associação. Em contato com a reportagem o clube relatou todo o processo que está sendo feito com os funcionários e se posicionou sobre a atual situação dos clubes de lazer e também em relação às ações para colocar as contas da associação em dia.