Na memória

#TBT O Jogo da minha vida: Marcelo Ramos lembra noite que Cruzeiro chocou o país

Em depoimento ao SUPER.FC, ex-atacante recordou conquista histórica sobre o Palmeiras na Copa do Brasil 1996, uma partida que marcou a carreira do 'Flecha Azul'

Cruzeiro venceu bi da Copa do Brasil contra o Palmeiras | Foto: PAULO PINTO
Josias Pereira| @supernoticiafm
26/03/20 - 17h01

Hoje é quinta-feira, um dia mundialmente conhecido nas redes sociais pelas lembranças, o famoso #TBT. Uma data propícia para trazer um depoimento, em primeira pessoa, de Marcelo Ramos. O jogo da vida do 'Flecha Azul' está na cabeça de uma geração de cruzeirenses: 19 de junho de 1996. Atuando no Parque Antártica, o time cruzeirense conseguiu uma vitória épica sobre o Palmeiras por 2 a 1 e conquistou o bicampeonato da Copa do Brasil. Um duelo em que Marcelo Ramos tirou como aprendizado a certeza de que no futebol não se vence de véspera. 

O campeão das Copas do Brasil de 1996 e 2003, Libertadores de 1997, quatro campeonatos mineiros (1996, 1997, 1998 e 2003), da Recopa Sul-Americana de 1998, da Copa Centro-Oeste de 1999, da Copa dos Campeões Mineiros do mesmo ano, do Supercampeonato Mineiro de 2002, das Copas Sul-Minas de 2001 e 2002 e do Brasileiro de 2003 conta a história. 

SILENCIANDO O PARQUE ANTÁRTICA

Graças a Deus, eu (Marcelo Ramos) tive uma carreira vitoriosa e de jogos inesquecíveis. Mas claro que o jogo da final da Copa do Brasil de 1996 foi o que me marcou bastante, não só para mim, mas como todo o cruzeirense que viu aquele jogo e viveu aquela época. Todo mundo sabe o time que o Palmeiras tinha, o time que nós tínhamos também, que era muito forte, mas toda a imprensa dava o Palmeiras como campeão da Copa do Brasil. Então, aquele título foi ainda mais especial para nós. Marcar dois gols, um gol em cada jogo e ainda fazer o do título, claro que acaba sendo um jogo inesquecível. Acho que o que mais marcou foi exatamente isso, não por parte dos jogadores do Palmeiras, mas a falta de respeito de toda a imprensa, que já dava o jogo como vencido. Isso acabou nos motivando ainda mais. Claro que era muito difícil, ainda mais depois de ter empatado o primeiro jogo, conseguir vencer o Palmeiras lá dentro, mas nós conseguimos.

A NOITE DE DIDA, A 'ADAGA' DE MARCELO E A MAIOR COPA DE TODAS?  

O segundo jogo foi impressionante, o grupo todo foi impressionante, mas o Dida pelas defesas que fez, bolas indefensáveis, acabou virando um marco na história do clube. São seis Copas que o Cruzeiro ganhou, mas eu tenho certeza que o torcedor sabe que essa foi a mais difícil e a que mais marcou. Foi uma partida perfeita. Eles tiveram mais chances, mas a gente se defendeu bem. Eles tinham muita qualidade, mas a gente tinha o Dida, que estava em uma noite inspirada. Tivemos duas ou três chances, claro que contamos com erros individuais deles, mas tivemos competência com o Roberto Gaúcho, no primeiro lance, empatar, e eu para estar presente dentro da área, com muito oportunismo, para fazer o gol do título. 

O PORCO QUE QUASE DEU INDIGESTÃO

Nossa equipe estava muito bem concentrada, sabia que o Palmeiras tinha um grande time. Mas o que mais me marcou foi na semana no segundo jogo, uma reportagem que acabou nos mostrando em um restaurante comendo um porco. Foi algo maldoso, porque jamais queríamos desrespeitar o Palmeiras. Esse fato trouxe um peso para nós porque, se tivéssemos perdido o título, sem dúvida nenhuma, a responsabilidade caíria ainda mais sobre nós. O Levir ficou muito chateado com aquilo, mas ele também sabia dos jogadores que ele tinha e a personalidade de cada um, porque jamais desrespeitaríamos o Palmeiras. Como ficou lado o positivo de ter feito o gol do título e de ser um jogadores mais reconhecidos pelo torcedor, tenho muito orgulho disso, mas foi uma vitória do grupo, poderia até ter acontecido algo diferente se a gente não vencesse aquele título. 

O GOL DO TÍTULO

Foi ali aos 30, 30 e poucos minutos do segundo tempo. Mas é uma bola que eu recebo no meio, está todo mundo já desgastado fisicamente, lado psicológico neste momento de decisão pesou bastante. Lembro que toco no Roberto e já fico na expectativa, achei que ele ia segurar a bola, porque o 1 a 1 também faria com que estivéssemos dentro do jogo, dentro da decisão. E quando ele levou para cima do marcador, o Sandro Blum, eu arranco para dentro da área e ele já cruza a bola. O cruzamento saiu até errado, mas o Velloso perde o tempo da bola e eu consigo, com um carrinho, fazer o gol. 

A LIÇÃO

Todo mundo estava confiante, torcida, imprensa, todo mundo já dava o título para o Palmeiras. Já tinha casa de festa fechada já, restaurante com samba, com pagode. Eu me recordo. Isso aí faz parte, a confiança deles, um time que tinha cinco, seis jogadores de seleção. Mas esse jogo foi inesquecível porque foi a maior prova que no futebol não se ganha de véspera nem fora. 

FICHA TÉCNICA - PALMEIRAS 1 x 2 CRUZEIRO
Motivo: Finalíssima da Copa do Brasil
Data: 19/6/1996
Local: Parque Antártica, em São Paulo (SP)
Público: 29.636
Renda: R$ 481.260,00
Árbitro: Sidrack Marinho-SE
Gols: Luizão, aos 5, e Roberto Gaúcho, aos 25 min. do 1º tempo; Marcelo Ramos, aos 36 min. do 2º tempo
Palmeiras: Velloso, Cafu, Sandro, Cléber e Júnior; Cláudio (Reinaldo), Amaral, Marquinhos (Cris), Djalminha e Rivaldo; Luizão. Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Cruzeiro: Dida; Vitor, Célio Lúcio, Gelson e Nonato; Fabinho, Ricardinho, Cleison e Palhinha (Edmundo); Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos. Técnico: Levir Culpi
Cartões amarelos: Júnior, Cláudio, Sandro e Luizão (Palmeiras); Cleison, Fabinho e Edmundo (Cruzeiro)

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