Prestes a completar 112 anos de fundação, o Villa Nova pode estar próximo de buscar um novo rumo em sua história. Pelo menos é o que pretendem algumas pessoas que administram o clube. Nesta quarta-feira (18), está previsto um encontro de membros do conselho deliberativo e Vitor Penido (prefeito de Nova Lima), com Pedro Lourenço, proprietário do Supermercados BH. Na ocasião, será colocada à mesa uma proposta para “repassar” o time ao empresário, nos moldes de uma sociedade anônima.
“Vamos nos reunir com o Pedro Lourenço e temos interesse em fazer a cessão do Villa a ele, nos moldes de uma sociedade anônima. É o que vamos oferecer neste encontro. O Villa tem total interesse em fazer a parceria, desde que se mantenham suas tradições e não descaracterize o clube, não tire o time da cidade, não mude suas cores, entre outras coisas”, explica Jean Carlo Seabra, conselheiro nato e ex-presidente do Leão.
De acordo com Seabra, os atuais administradores do time de Nova Lima vislumbram em Pedro Lourenço a alternativa para levar adiante o projeto. O empresário, aliás, já teve uma passagem pelo Castor Cifuentes, em 2011. Injetou dinheiro para contratar jogadores e manter os salários em dia. Nos gramados, contudo, os resultados não foram os esperados e o mecenas rompeu o vínculo, no primeiro semestre de 2012.
Passados oito anos, o Villa pretende abrir as portas novamente a Lourenço. Dessa vez, não como parceiro, mas proprietário.
“Pela tradição do Villa de quase 112 anos, pelo Pedro, que é um investidor sério, íntegro, entende de futebol, pela proximidade de Nova Lima com BH...Tem tudo para dar certo e, para o Villa, seria uma saída. Vamos apresentar essa possibilidade a ele”, confirma Seabra.
Caso o empresário se mostre favorável ao negócio, o clube precisaria promover uma alteração em seu estatuto, transformando-o de entidade sem fins lucrativos para empresa.
“Caso a proposta seja aceita pelo Pedro, o assunto será levado para discussão e colocado em votação numa assembleia para decidir ou não pela mudança. Mas tenho certeza de que 98%, 99% dos membros caminhariam para a aprovação”, aposta o conselheiro.
“Não procede”, mas nem tanto
Embora o tema da reunião seja inicialmente negado pelo presidente do Villa, Márcio Botelho, ele informa que o encontro ocorrerá, mas para tentar buscar recursos junto ao empresário. Na sequência, porém, admite que repassar o clube a Pedro Lourenço é um anseio antigo da diretoria.
“Não tem nada de conversa sobre transformar o Villa em clube-empresa. Amanhã (quarta-feira) haverá uma reunião, mas não para tratar disso. Eu nem vou participar, e o Jean (Carlo Seabra) é quem vai representar o Villa. Será para falar da situação do Villa, no geral. Estamos precisando de pessoas para ajudar, e o Pedro se prontificou. Há anos, temos o interesse que ele assuma o Villa, mas, por enquanto, ele não tem (interesse). No entanto, vamos trabalhar para isso. A ajuda dele viria, inicialmente, por meio de patrocínio. Só isso”, desconversa Botelho.
Ligação com o Cruzeiro
Além de ter patrocinado o time de Nova Lima no início da década, Pedro Lourenço conserva fortes ligações com o Cruzeiro, sendo parceiro financeiro de longa data. No fim do ano passado, com a implantação do Núcleo Dirigente Transitório no clube Barro Preto, assumiu o departamento de futebol, mas deixou o cargo duas semanas depois, por divergência com os demais membros do grupo.
Procurado para comentar sobre a possibilidade de assumir o Villa como empresa, ele não foi encontrado.
O caixa do Leão atualmente
- R$ 7 milhões em dívidas
- R$ 3,4 milhões/ano de receitas (repasse da prefeitura de Nova Lima, cota de TV, patrocínio, placas de publicidade e outros) – Desse total, 35% são bloqueados e transferidos ao condomínio de credores
- R$ 600 mil gastos para a disputa do Campeonato Mineiro
Obs: valores obtidos com pessoas ligadas à administração do Villa Nova, mas não confirmados pela presidência do clube