O que começou como uma apresentação das tradicionais bandas marciais estadunidenses, hoje é um dos maiores palcos musicais do mundo. O show do intervalo do Super Bowl - ou Super Bowl Halftime Show, em inglês - é um dos eventos mais esperados para, ao mesmo tempo, os fãs do esporte e da música. Os shows ‘relâmpago’, de cerca de 15 minutos, atraem audiências do mundo inteiro e chamam atenção pelo verdadeiro espetáculo realizado no campo de jogo.

Há mais de quatro meses para o show do Super Bowl LVII, que será no dia 12 de fevereiro, o anúncio da artista que comandará o espetáculo mexeu com as expectativas do público. Rihanna, uma das cantoras mais influentes do planeta, estará no palco.

O anúncio chamou atenção, principalmente, por dois motivos. Primeiro, pelo fato de que Rihanna está afastada dos palcos - e da música em geral - há mais de seis anos. Seu último álbum de estúdio, Anti, foi lançado em janeiro de 2016. O segundo, pelo fato de que a cantora já havia recusado cantar no Super Bowl em 2019, quando a NFL, liga de futebol americano dos EUA, passava por fortes críticas devido a preconceito racial, sobretudo em relação ao caso do ex-quarterback Colin Kaepernick, que foi boicotado da liga após ajoelhar durante o hino nacional em protesto pela violência policial contra negros no país norte-americano.

Na época, ela disse à Vogue: “Eu não poderia ousar fazer isso. Para quê? Quem ganha com isso? Não meu povo. Eu simplesmente não poderia ser uma vendida. Eu não poderia ser uma facilitadora. Há coisas dentro dessa organização (NFL) com as quais eu não concordo, e eu não estava disposta a ser útil a eles de forma alguma", declarou a cantora, nascida em Barbados.

Desde então, a NFL investiu em campanhas de conscientização racial e chegou até a fazer um acordo com Kaepernick, que encerrou o processo movido contra a liga por um valor não divulgado.

Relembre os últimos show do intervalo do Super Bowl dos últimos 10 anos

Super Bowl XLVI (2012) -  Madonna

Em 2012, outro ícone do pop subiu ao palco no intervalo da partida entre New York Giants e New England Patriots. Madonna, que levou junto dela quase dez participações especiais, que incluem Nicki Minaj, Cee Lo Green e até o Cirque du Soleil, cantou alguns de seus maiores hits, começando por Vogue e encerrando com Like a Prayer, com um coral de 200 pessoas a acompanhando.

A entrada do show ficou na memória dos fãs, uma vez que Madonna apareceu carregada em um trono, simbolizando sua alcunha de Rainha do Pop. Com 114 milhões de espectadores, o show quebrou o recorde de mais assistido da história, sendo inclusive mais assistido que o próprio jogo.

Super Bowl XLVII (2013) - Beyoncé

O jogo entre Baltimore Ravens e San Francisco 49ers foi agitado, mas o show do intervalo também fez história. Beyoncé subiu naquele palco pela primeira vez e, levando consigo as colegas do Destiny’s Child, cantou seus maiores hits e fez um evento que foi comentado, literalmente, no mundo inteiro. Na época, o show da cantora estadunidense foi o evento com mais menções no Twitter na história, com 268.000 tweets por minuto.

Essa não foi a última vez que Beyoncé figurou no Show do Intervalo. Três anos depois, foi convidada na performance do Coldplay.

Super Bowl XLVIII (2014) - Bruno Mars

Foi Bruno Mars que, em 2014, destronou Madonna como o show do Super Bowl mais assistido da história. Mars começou a apresentação na bateria, no meio da plateia, e depois liderou sua banda no palco, sem muitos ‘apetrechos’. E se garantiu. Já conhecido por sua presença de palco, Mars dançou e cantou ao lado dos companheiros e, pessoalmente, convidou o Red Hot Chilli Peppers para dar uma palinha no show.

Assistido por 115.3 milhões de pessoas, a performance também ganhou dois prêmios Emmy, por ‘Melhor programa de entretenimento de ação ao vivo em formato curto’ e ‘Melhor design de iluminação / direção de iluminação para um especial de variedades’.

Super Bowl XLIX (2015) - Katy Perry

Em 2015, a partida entre New England Patriots e Seattle Seahawks ficou no banco do passageiro. O show de Katy Perry se tornou - e é até hoje - o evento do intervalo mais assistido da história, com 118.5 milhões de espectadores. E foi, de fato, um espetáculo.

A cantora começou a performance em cima de um tigre gigante dourado, convidou artistas como Lenny Kravitz e Missy Elliott e também gerou memes instantâneos, como o ‘tubarão da esquerda’, que chamou atenção por sua dança animada. Pela expectativa criada, é possível que, após sete anos, a ‘coroa’ de Katy Perry seja tomada por Rihanna.

Super Bowl 50 (2016) - Coldplay

Antes do Denver Broncos levantar o Vince Lombardi (troféu da NFL), o Coldplay ficou responsável por comandar a festa no intervalo da partida. O grupo britânico trouxe de volta ao palco Bruno Mars e Beyoncé, que fizeram participações mais que especiais. Na época, Rihanna também havia sido cotada para o show, mas isso não se confirmou.

O público, porém, ficou dividido. Alguns disseram que os convidados roubaram o show. Nos dias seguintes, Beyoncé virou notícia por sua performance de “Formation”, em que suas dançarinas apareceram vestidas como Panteras Negras. O ativismo racial de Beyoncé não foi muito bem recebido no país norte-americano, com alguns grupos chamando para o boicote da cantora. Do outro lado, ativistas do Black Lives Matter elogiaram a cantora por usar um dos maiores palcos do mundo para levantar bandeiras da justiça social.

Super Bowl LI (2017) - Lady Gaga

Conhecida por suas performances fora do comum, Lady Gaga começou o show do ‘teto’ do NGR Stadium, no Texas. De lá, saltou, literalmente, para o gramado, onde cantou alguns de seus maiores sucessos da carreira. A apresentação da cantora chamou a atenção, porém, por não ter a participação de nenhum outro convidado, algo que é comum nos shows do intervalo do Super Bowl.

Muito bem recebido pelos fãs e pela crítica, foi a primeira vez em quatro anos em que a audiência do show subiu em relação ao ano anterior, e Lady Gaga destronou Madonna como o segundo mais assistido ao vivo nos Estados Unidos. Mais uma vez, o show foi visto por mais pessoas do que o jogo em si.

Super Bowl LII (2018) - Justin Timberlake

Um show lembrado pelos fãs de esporte e de música como ‘morno’. Justin Timberlake, um dos artistas mais dinâmicos dos EUA, deixou a desejar em sua terceira passagem pelo palco do Super Bowl. Em 2001, participou como membro do NSYNC e em 2004 foi convidado de Janet Jackson no polêmico incidente de figurino da cantora.

Com queda brusca de audiência, o show do intervalo caiu quase 10% em audiência em relação ao ano anterior. O artista teve participação de sua banda The Tennessee Kids e da banda marcial da Universidade de Minnesota. Nesse ano, Jay Z foi cotado para ser o artista principal, mas ele negou em relação à forma como a NFL tratou Colin Kaepernick, que manifestava contra violência policial contra negros nos Estados Unidos.

Super Bowl LIII (2019) - Maroon 5

Naquele ano, o show foi - quase - ofuscado por toda controvérsia que ocorreu nos bastidores. Em relação, ainda, ao caso Colin Kaepernick, diversos artistas recusaram o convite da NFL, inclusive Rihanna, que fará o show na próxima edição, e a cantora Pink. O anúncio oficial de Maroon 5 foi feito a menos de um mês da data do show, algo que não é usual no Super Bowl.

Ao lado da banda, Big Boi e Travis Scott, que fizeram participações, foram criticados pelo público pelo aceite do convite. Em resposta, o rapper Scott anunciou que só faria o show se a NFL doasse para uma organização de justiça social. No quesito musical, a performance da banda e dos rappers não foi bem recebida pelo público e pela mídia estadunidense. O número de espectadores não chegou a bater 100 milhões na ocasião.

Super Bowl LIV (2020) - Jennifer Lopez e Shakira

Após um ano conturbado, a NFL e a empresa Roc Nation, do rapper Jay Z, fecharam um acordo para a produção do show do Super Bowl em 2019. As cantoras escolhidas para a performance foram Jennifer Lopez e Shakira, duas mulheres latinas. Considerado um ‘respiro’ após anos de performances decepcionantes, Shakira e J-LO celebraram suas heranças latinas e mostraram o porquê de serem fenômenos globais. Elas ainda convidaram Bad Bunny, J Balvin e Emme Muñiz, filha de Lopez.

Nas redes sociais, a resposta positiva do público foi evidente. No Twitter, mais de 1 milhão de menções aumentaram em 431% a reação popular do ano anterior. Com grandes hits do pop, as duas cantoras fecharam o set com a clássica Waka Waka, música de Shakira feita para a Copa do Mundo de 2010.

Super Bowl LV (2021) - The Weeknd

Com todos os desafios de realizar um espetáculo em meio ao momento inicial da pandemia, o cantor The Weeknd fez um show focado em uma experiência cinematográfica para os espectadores em casa.

Para diminuir a quantidade de pessoas circulando, o palco foi construído às beiras do gramado, enquanto o campo de jogo foi utilizado no fechamento, quando dançarinos fizeram jogos de luzes partes ao som do hit ‘Blinding Lights’. Também não houve nenhum convidado especial.

Ainda assim, o cantor canadense investiu pesado, incluindo cerca de U$7 milhões de seu próprio dinheiro para a produção.

Super Bowl LVI (2022) - Dr. Dre, Snoop Dogg, Eminem, Mary J. Blige e Kendrick Lamar

Um prato cheio para os mais nostálgicos fãs do hip hop. Na edição mais recente do Super Bowl, cinco dos maiores artistas do Rap, Hip Hop e R&B se juntaram para um verdadeiro espetáculo no SoFI Stadium, na Califórnia. Esse foi o primeiro show do intervalo focado somente nesse gênero musical e, além das cinco estrelas, ainda contou com a participação especial de 50 Cent e Anderson .Paak.

Com os maiores hits dos anos 90 e 2000 do gênero, a performance foi muito bem recebida pelo público e pela mídia, sendo o primeiro show do intervalo do Super Bowl a ganhar o prêmio Emmy de melhor especial de variedades ao vivo.