Censura lamentável

Comitê olímpico dos EUA repreende atletas após ato contra Trump

Race Imboden e Gwen Berry fizeram protestos contra o presidente dos EUA durante o Pan

Por Folhapress
Publicado em 21 de agosto de 2019 | 12:32
 
 
Race Imboden protesta contra Trump Jose SOTOMAYOR/Lima 2019/AFP

Em uma mensagem endereçada aos dois atletas que protestaram contra o presidente Donald Trump durante o pódio dos Jogos Pan-Americanos de Lima, Race Imboden e Gwen Berry, o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) repreendeu qualquer manifestação política de esportistas que estejam defendendo o país em Jogos.

A carta, revelada pela Associated Press e assinada pela diretora executiva do órgão, Sarah Hirshland, não só prevê 12 meses punição para cada um, mas também diz que "é importante para mim, daqui para frente, deixar claro apenas reprovar atitudes de outros atletas em situações semelhantes é insuficiente".

A AP não explicita qual seria a punição aplicada a Imboden e Berry.

Race Imboden, esgrimista, se ajoelhou durante o hino nacional no pódio de Lima. Depois, em suas redes sociais, ele disse que o protesto era contra os problemas que o país enfrentava. "Racismo, controle de armas, maus tratos a imigrantes e um presidente que espalha ódio estão no topo de uma longa lista", escreveu na ocasião.

Gwen Berry, lançadora de martelo e também medalha de ouro como Imboden, ergueu seu punho fechado durante o hino, alusão ao gesto de John Carlos e Tommie Smith nos Jogos de 1968, que homenagearam o movimento dos Panteras Negras com a saudação black power.

Na última quarta-feira (20), um dia após ter recebido a carta, Berry postou uma foto dizendo que "se nada é dito, nada será feito, e nada irá melhorar, e nada irá mudar".

Cabe ao Comitê Olímpico Internacional punir atletas que quebrem as regras que proíbem protestos políticos em Olimpíada, mas as federações nacional tem direito a tomar suas próprias atitudes.

"Em conjunto [com atletas e órgãos nacionais e governamentais], estamos comprometidos a definir explicitamente quais serão as consequências para membros da delegação dos EUA que protestarem em futuros Jogos", completa a carta enviada pelo Comitê do país.

Nenhum dos dois jogadores respondeu ao recado. Segundo a AP, eles entraram em contato com o veículo para a divulgação da mensagem, inicialmente privada.

Os dois estariam elegíveis para a Olimpíada de Tóquio, em 2020, que ocorrerá em meio a campanha presidencial dos Estados Unidos em que o presidente Donald Trump deve concorrer à reeleição.