A nova gestão do Cruzeiro SAF tem implantado profundas mudanças em todos os setores do clube. Na esteira dessas transformações, a diretoria passou a olhar com mais atenção para os meninos da Toquinha, preteridos até mesmo nos dois últimos anos muito ruins na Série B do Brasileiro, quando a Raposa optou por trazer de fora jogadores que não deram o retorno esperado.
Roberto Braga assumiu a direção da base em janeiro e avisou aos garotos: “O objetivo de todos aqui é colocá-los no profissional. A gente nunca sabe quando a oportunidade vai bater na porta, e pode aparecer daqui a três dias a da vida de vocês”.
De fato, as chances têm surgido nesta primeira fase do Campeonato Mineiro, e alguns jovens valores vêm mostrando qualidade. O goleiro Denivys e o meia Daniel Júnior, por exemplo, chamaram bastante atenção quando acionados pelo técnico Paulo Pezzolano.
“A comissão vem dando moral para os meninos da base, e isso é bom para a gente se sentir confiante”, exaltou Daniel Júnior, após atuar a primeira vez como titular e marcar o primeiro gol no time profissional, no triunfo sobre o Tombense (3 a 0).
Pedro Martins, diretor executivo da Raposa, ressalta que o clube vai trabalhar para dar a melhor condição de trabalho, sem diferenciação entre base e profissional.
“Todas as categorias são importantes e estratégicas. Vamos procurar fazer a integração e a ideia é a de que o profissional e o sub-20 troquem informações. O trabalho será de formar, porque não existe clube com projeto de futebol sustentável se não formar jogador. Daremos atenção a todos os processos, e quem quiser e tiver vontade vai jogar no Cruzeiro”, promete.
"A base forma, mas quem lança é o profissional"
Atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil, o Atlético investiu pesado na montagem do time. Com isso, os meninos quase não tiveram oportunidades. A exceção foi o zagueiro Nathan Silva, de 24 anos, que retornou à Cidade do Galo no ano passado, após sucessivos empréstimos.
“Gosto sempre de frisar que qualquer base do Brasil forma jogador, mas quem lança é o profissional. No entanto, vai depender de muitas situações”, pondera Erasmo Damiani, gerente da base alvinegra.
O dirigente destaca, ainda, que o processo de formação demanda tempo e o aproveitamento estará atrelado a outros fatores. “O Galo, neste início de ano, até pelo calendário, tem colocado atletas da base para jogar. Muitos desses já vêm treinando com o profissional”, aponta.
Além disso, Damiani argumenta que os garotos estarão aptos para atender a todas as demandas. “Podemos ter jogadores performando na equipe principal e atletas atendendo ao mercado nacional e mundial”, diz.
“Se pegarmos o histórico do clube recentemente, veremos que a base está sendo mais aproveitada do que antigamente. Se começar a utilizar cada vez mais esses atletas, o processo vai se consolidando para, lá na frente, o clube colher frutos disso”, completa Damiani.
América tem contratado, mas assegura que objetivo é revelar
Nas últimas temporadas, o América optou por trazer nomes de fora, embora mantenha no grupo peças formadas em casa. Apesar disso, Frederico Cascardo, diretor da base, assegura que a prioridade é revelar. “Está bem definido pela diretoria que o objetivo é a formação para o futebol profissional. O atleta pode se tornar um ativo desportivo e financeiro, mas a meta é vestir a camisa do clube”, explica.
Cascardo chegou ao América em 2019 e avalia o aproveitamento dos jovens como positivo. “Temos dez jogadores com perfil para vestir a camisa do clube, e que estão sendo aproveitados pelo Marquinhos Santos. O Adyson, com 16 anos, tem sido chamado para os jogos”, cita.
O dirigente ressalta que o período de transição para o profissional é o mais delicado na formação do atleta. Envolve treinamentos, ajustes e até o momento ou o jogo ideal para o garoto ter a oportunidade.
“No América está claro que o mais importante é que nossos atletas serão formados para vestir a camisa do futebol profissional. Para isso, os departamentos se reúnem constantemente, quando informações e relatórios são passados. A partir daí, é detalhado um planejamento para seu aproveitamento no profissional e cada um vai ter o momento de ser colocado na prova de fogo. Vai variar de atleta pra atleta, de idade, de competições”, detalha o diretor do Coelho.
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