Já há alguns anos, o Campeonato Brasileiro Série A não sofre grandes mudanças em seu módulo de disputa, o que gera mais estabilidade para clubes, jogadores e para quem acompanha o maior torneio de futebol do país. Entretanto, nem sempre foi assim. O formato, quem entra, quem é rebaixado, quem é o campeão e até o nome já mudaram algumas vezes — tanto é que até hoje torneios antigos ainda passam pelo processo de reconhecimento como sendo o Brasileirão.

História

O primeiro Campeonato Brasileiro reconhecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é a Taça Brasil, de 1959. Ela foi criada pela então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) para substituir o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, que reunia os melhores jogadores por Estado.

A Taça Brasil reunia os campeões dos principais estaduais e, o campeão, representava o Brasil na Copa dos Campeões da América, a atual Libertadores. Na primeira edição, reuniu 16 times que se enfrentavam em mata-mata. O primeiro campeão foi o Bahia, que venceu o Santos na final.

Esse formato básico seguiu até 1970, porém, três anos antes, um novo campeonato começou a se desenhar. Em 1967, o Torneio Rio-São Paulo, que reunia equipes dos dois Estados, foi ampliado para o âmbito nacional e passou a se chamar Roberto Gomes Pedrosa, ou Robertão, em homenagem ao goleiro que foi do São Paulo e da seleção brasileira.

Em 1968, passou a ser chamado de Taça de Prata e ocorria paralelamente à Taça Brasil, porém, começou a ganhar mais destaque, tanto da imprensa quanto dos torcedores. Isso fez com que a CBD unificasse os campeonatos e criasse o Campeonato Nacional, a partir de 1971.

Campeonato Nacional

A partir daquele ano, o campeonato passou a reunir 20 clubes, e foi criada uma segunda divisão. Naquela primeira edição, por exemplo, os times foram divididos em dois grupos, mas jogavam todos contra todos. Os seis primeiros colocados de cada chave se classificavam para a segunda fase.

Nela, os doze clubes foram divididos em três grupos com quatro em cada, jogando em dois turnos, classificando-se o primeiro lugar de cada grupo. Depois, os três finalistas se enfrentavam em turno único — o Atlético foi o campeão.

Copa Brasil

O formato não seguiu o mesmo nos anos seguintes, tanto é que, em 1975, no auge da Ditadura Militar, João Havelange deixou o comando da CBD (para assumir a Fifa) e chegou o almirante Heleno Nunes, que aumentou o número de participantes para 90. A ideia era gerar um sentimento de integração nacional e agradar militares que estavam em regiões onde o futebol não era tão prestigiado.

Em 1979, a CBD foi desmembrada, e criou-se a CBF. No ano seguinte, o Campeonato Nacional de Clubes passou a ser chamado de Taça de Ouro, quando, novamente, havia duas divisões. Em 1981, foi criada a terceira divisão.

Taça da Ouro e Copa Brasil, novamente

Naquela primeira edição, vencida pelo Flamengo de Zico, os 40 clubes participantes foram divididos em quatro grupos, sendo dez em cada. Houve um turno único, e os sete primeiros colocados classificavam-se para a segunda fase. Esses 28 se juntavam aos quatro melhores da Taça de Prata, que ainda existia.

Esses 32 foram divididos em oito grupos com quatro times em cada. Em dois turnos, classificavam-se para a terceira fase os dois primeiros colocados em cada chave. Após isso, mais quatro grupos com quatro clubes em cada, de onde saíam os integrantes das semifinais e, depois, final. Nas épocas seguintes, o módulo de disputa se manteve basicamente igual.

Em 1984, a CBF altera o campeonato novamente para Copa Brasil. Porém, no ano seguinte, a competição novamente voltou a se chamar Taça de Ouro e contou com 44 equipes, o mesmo número das edições da Taça de Ouro de 1980 a 1983. A CBF elaborou um regulamento polêmico ao dividir os clubes em duas séries: uma com os 20 mais bem colocados em seu ranking, e o restante conforme a posição final das agremiações nos estaduais.

Clube dos 13 e Copa União

Em 1987, vivendo uma crise econômica, a CBF anunciou que não conseguiria realizar um campeonato de nível nacional, com isso, sugeriu a volta da Taça Brasil, com torneios regionalizados. Os 13 clubes mais fortes do país rejeitaram a ideia e criaram o Clube dos 13 e a Copa União.

Em conjunto com a entidade desportiva, ficou definido que esse novo campeonato seria o Módulo Verde, enquanto a CBF organizaria o Módulo Amarelo. O Flamengo e o Internacional foram o campeão e o vice-campeão, respectivamente, da Copa União, mas se negaram a disputar o quadrangular final com Sport e Guarani, campeão e vice-campeão, respectivamente, do Módulo Amarelo.

Com isso, o Clube dos 13 considerou o Urubu campeão brasileiro, enquanto a CBF considera o título do Leão. A disputa sobre quem foi o campeão ocorre até hoje.

Campeonato Brasileiro

Em 1989, Ricardo Teixeira tomou posse na CBF, e tinha como principal objetivo reorganizar o futebol no país e torná-lo mais rentável, tanto para a confederação quanto para os clubes. Assim, ele criou a Copa do Brasil, onde os clubes de menor expressão poderiam enfrentar os grandes, e o Campeonato Brasileiro, ambos os torneios como conhecemos hoje.

Nos primeiros anos, 22 equipes disputavam, divididas em dois grupos de 11, que jogavam em turno único dentro de cada chave. Os oito primeiros de cada grupo classificavam-se para a segunda fase, e os três últimos de cada chave jogavam o Torneio de Rebaixamento — os quatro últimos caíam.

Os 16 melhores foram divididos em dois grupos de oito, jogando em turno único apenas contra os clubes do outro grupo. Os pontos eram somados aos obtidos na fase anterior, e classificavam-se para a final o vencedor de cada chave.

Em 1999, foi descoberto um jogador irregular do São Paulo, fazendo com que a CBF anulasse jogos da equipe, o que culminou no rebaixamento do Gama. O time do Distrito Federal processou a entidade, que foi punida e impedida de organizar o Campeonato Brasileiro de 2000. Nesse ano, o Clube dos 13 organizou a Copa João Havelange.

A competição foi disputada por 116 planteis, divididos em quatro módulos. No fim, o Vasco da Gama foi o campeão.

Fim do mata-mata e, enfim, pontos corridos

Em 2001 e 2002, com a CBF de volta, a fórmula foi parecida: 28 clubes (depois 26) jogando em turno único. Os oito melhores classificavam-se para as quartas de final e, assim, sucessivamente. Como é possível perceber, o torneio mudava praticamente todos os anos, e gerava instabilidade para todos os envolvidos.

A partir de 2003 — quando o Cruzeiro foi o campeão —, assim como os principais campeonatos do mundo, o Brasileirão se tornou de pontos corridos, com os participantes duelando em dois turnos, e o melhor classificado é o campeão, enquanto os piores são os rebaixados. Começou com 26 clubes, depois passando para 20, em 2006.

Os nomes

1959 a 1968: Taça Brasil

1967 a 1970: Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) ou Taça de Prata

1971 a 1974: Campeonato Nacional de Clubes

1975 a 1979: Copa Brasil

1980: Taça de Ouro e Copa Brasil

1987 e 1988: Copa União

1989 a 1999: Campeonato Brasileiro

2000: Copa João Havelange

2001 até hoje: Campeonato Brasileiro