Desde 1915

Campeonato Mineiro chega à 109ª edição: como foi criado e outras curiosidades

Primeira edição do Estadual teve apenas clubes de Belo Horizonte, e todos os jogos foram disputados em um só campo

Por Matheus Oliveira
Publicado em 19 de janeiro de 2023 | 12:00
 
 
Troféu do Campeonato Mineiro Matheus Oliveira/O Tempo

O Campeonato Mineiro 2023 começa no próximo sábado (21) com 12 times, pelo menos 11 estádios e novidades, como a implantação do VAR em todos os jogos e tempo maior de acréscimo. Cenário que em nada lembra a primeira edição, em 1915, disputada em um só campo da pacata Belo Horizonte, que chegava aos 18 anos.

Antes de a bola rolar pela primeira vez no Estadual, foi criada, naquele mesmo ano, a Liga Mineira de Desportos Terrestres. Apesar do nome, apenas clubes de BH e alguns poucos de cidades muito próximas à capital formavam a entidade, explica o pesquisador do site RSSSF Brasil, Vitor Dias.

"O primeiro Campeonato Mineiro foi disputado só entre times de Belo Horizonte, com duelos de ida e volta e formato de pontos corridos. BH só tinha um estádio, jogava-se uma partida por semana", diz o pesquisador. América, Atlético, Christovam Colombo, Hygienicos e Yale – o Cruzeiro, nascido Palestra Itália, foi fundado seis anos depois – brigaram pelo troféu no campo do Prado Mineiro, no bairro Prado, onde hoje fica a Academia de Polícia Militar de Minas Gerais.

O título ficou com o Atlético, mas as posições dos outros times ainda precisam ser desvendadas, segundo Vitor. O que também se sabe é que o América entregou os pontos de um jogo para disputar um amistoso em Nova Lima. "Era uma prática comum na época, o que equivale a perder por WxO. A gente não tem todos os resultados desse campeonato, mas é possível que esse tenha deixado o América em terceiro lugar."

Interior representado

A chegada de clubes do interior ao Campeonato Mineiro foi bem mais à frente. De acordo com o pesquisador, até 1945 só jogaram o Estadual clubes de Nova Lima (Villa Nova e Retiro), Sabará (Alves Nogueira e Siderúrgica) e Vespasiano (Vespasiano), além dos de BH. 

"Entre 1941 e 1958, o Mineiro foi recebendo, aos poucos, times de fora de Belo Horizonte. Em 58, com a iminência da Taça Brasil, resolveram estadualizar de vez o campeonato e fizeram uma seletiva com 16 times", relata Vitor.

Um campeonato, dois campeões

Dois asteriscos são inevitáveis na lista de campões mineiros, um sobre o ano de 1932 e, outro, sobre o de 1956. Cada uma dessas edições teve dois vencedores: na primeira, Atlético e Villa Nova; na segunda, Galo e Cruzeiro.

A história da divisão do título de 32 começa no ano anterior. "No jogo decisivo do Mineiro de 31, o Palestra se revoltou com a arbitragem, alegando que ela estava tendenciosa a favor do Atlético. Palestra, América e Villa Nova fundaram uma nova entidade, a Associação Mineira de Esportes Gerais, e fizeram um campeonato paralelo em 32, enquanto a Liga Mineira fez o torneio dela, que só tinha o Atlético de clube grande.", conta o pesquisador.

"Em 1933, com a discussão do profissionalismo do futebol, essas diferenças acabaram e os times voltaram a se associar à mesma entidade", completa.

Já em 1956, a disputa pelo troféu parou nos tribunais. "O Atlético havia ganhado o campeonato, mas, meses depois, a Justiça Desportiva julgou a presença irregular de um atleta alvinegro na decisão e mandou a final ser jogada de novo. Só que, com o passar do tempo, os clubes já não tinham mais os mesmos jogadores da final. A federação decidiu dividir o título entre Atlético e Cruzeiro."

Os campeões

O Atlético é o maior campeão mineiro, com 47 troféus, seguido por Cruzeiro, com 38, América, com 16, Villa Nova, com 5, Siderúrgica, com 2, Ipatinga, com 1, e Caldense, também com 1.