Uma das grandes discussões do futebol é quem foi o melhor jogador de todos os tempos, e em quase todas às vezes que se debate o assunto, a coroa fica entre Pelé e Maradona. Os dois astros encantaram, encantam e sempre vão encantar quem ama o futebol.
Além disso, os melhores da história possuem um relacionamento de longa data e o argentino já até tietou o brasileiro. São várias as histórias envolvendo os craques e a reportagem de O Tempo Sports conta uma história que ocorreu há 25 primaveras, quando Maradona quase vestiu a lendária camisa 10 de Pelé no Santos.
É isso mesmo. Os dois melhores jogadores de futebol de todos os tempos poderiam ter usado a mesma camisa 10. Em 1995, quando o argentino ainda cumpria punição pelo caso de doping na Copa do Mundo de 1994, o Santos, com a ajuda de Pelé, tentou levar Maradona para a Vila Belmiro. O presidente do Peixe na época era o saudoso Samir Jorge Abdul-Hak, que me contou essa história em entrevista feita meses antes de falecer, em 2016, e publicada por mim na época na Goal Brasil.
Segundo ele, o encontro com a lenda argentina foi no Rio de Janeiro e por acaso, e assim surgiu a possibilidade de Maradona jogar no Santos.
"Nós (Abdul-Hak, Pelé e Maradona) temos um amigo em comum no Rio de Janeiro, chamado Alfredo Saad, e frequentávamos lá sempre. Íamos para lá em todos os fins de semana, e em um fim de semana, o Maradona estava lá também!", me contou Abdul-Hak.
"Eu e o Pelé, então, conversamos com o Maradona e comentei com ele sobre a possibilidade de ele jogar no Santos, e ele ficou animado com a ideia. Disse que gostaria de jogar no Santos, acredito que até por causa do Pelé. Nós ficamos uma tarde inteira batendo papo e então falei com o Maradona: 'Pô, então vem jogar no Santos' (risos)", lembrou.
Na época, Maradona tinha 34 anos, e completaria 35 em 30 de outubro. Com o craque gostando da ideia, a contratação passou a ser estudada pelo Santos e a empresa do Rei do Futebol, a Pelé Sports & Marketing, iria ajudar no negócio. No entanto, tudo deu errado por causa dos problemas financeiros enfrentados pelo Peixe na época.
"Eu levei a ideia de contratar o Maradona para a diretoria, mas aí, ela não foi para a frente. A diretoria achou que seria caro demais. Estávamos em uma política de 'pé no chão', em que só gastávamos o que tínhamos, e não queríamos sair dessa política. Acabou que não chegamos nem ao ponto de discutir valores com o Maradona, porque ele já era o Maradona, então imaginamos que seria muito caro. Foi uma pena", lamentou Abdul-Hak.
Depois de o negócio com o Santos não dar certo, Maradona acabou voltando para o seu amado Boca Juniors, onde ficou por dois anos antes de encerrar a carreira. Em 1998, ele ainda voltaria para visitar a Vila Belmiro e participar do carnaval de rua em Santos. Ficou apenas na imaginação o craque argentino vestindo a mesma camisa 10 que Pelé.
Sem problemas
No entanto, se a histórica contratação de Maradona não ocorreu, Samir Jorge Abdul-Hak celebrou outra negociação. "Nossa situação financeira era tão delicada naquela época e nossa política era tão ferrenha que compramos o Giovanni, que eu tinha visto jogar, por R$ 300 mil", revelou.
"Tivemos um empréstimo para contratar o Giovanni, que veio por empréstimo de seis meses. No fim daquele ano, teríamos que comprá-lo, mas não tínhamos o dinheiro. Eram R$ 300 mil, que era um dinheirão na época. Mas tivemos empréstimos de alguns diretores que já faleceram e conseguimos contratar ele", disse.
"E foi a nossa sorte, porque ele estourou, se tornou ídolo, e depois conseguimos vendê-lo por R$ 8 milhões, e esse dinheiro nos tirou do buraco, porque o usamos para reformar o gramado, construir o CT, a arquibancada e muitas outras coisas. Foi uma pena perder um ídolo, mas foi necessário do ponto de vista financeiro", finalizou.