Se baseando em critérios como fase da competição, importância e grau de complexidade de cada jogo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) opta por escolher seus árbitros com chancela Fifa para os jogos mais importantes, no caso os das Séries A e B, além da Copa do Brasil. Na recente gestão de Wilson Seneme, à frente da Comissão de Arbitragem, não tem sido diferente.
A CBF indica os nomes que vão participar do sorteio que vai definir quem apital cada jogo.Essa escolha prévia da confederação brasileira, por meio da Comissão de Arbitragem, porém, não é clara, segundo a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf). A entidade ainda fala em centralização de escolhas de árbitros apenas no eixo Sul-Sudeste.
No primeiro turno do Brasileiro, por exemplo, segundo o mapa da arbitragem, divulgado pela associação, o árbitro Braulio da Silva Machado (SC) foi um dos mais escalados nas 19 primeiras rodadas da Série A. Atuou em 17 jogos. Apitou partidas na Arena Fonte Nova (Salvador), Independência e Mineirão (BH), Castelão (Fortaleza), Vila Belmiro (Santos) e até no Mané Garrincha (Brasília).
Outros árbitros como Flávio Rodrigues de Sousa (Fifa-SP), por exemplo, acumulam uma escala com descanso inferior a 48 horas. Ele foi o árbitro de campo de Bahia e Náutico, às 19h, no último dia 29 de julho, e também apitou Internacional e Atlético, no dia 31 de julho, às 16h. Até o dia 13 de agosto, ele já havia trabalhado em 21 partidas neste ano.
“Falta dar transparência aos critérios que pautam a formação das escalas. Se não forem dadas oportunidades para os profissionais de fora do eixo Sul-Sudeste, como eles vão mostrar do que são capazes? Tem muita gente boa que não está sendo aproveitada, enquanto a arbitragem nacional cai em descrédito pelos erros dos mesmos de sempre”, explica o presidente da Anaf, Salmo Valentim.
Vagas em aberto
Minas Gerais, por exemplo, tem vagas abertas na Fifa. Após a aposentadoria de alguns profissionais, e o realocamento de outros para atuação exclusiva no VAR, são poucos os árbitros disponíveis para apitar jogos mais importantes. Além disso, alguns ainda estão na “geladeira”, punição dada pela CBF aos juízes que cometem erros considerados graves em campo.
“Perdemos vários árbitros renomados e quando falo em perda, é uma perda em árbitros de campo. São peças importantes que não se consegue repor. Uns foram realocados para o VAR, casos do Igor Benevenuto, e outros encerraram, como o Ricardo Marques e o Cleisson Veloso. Descobrir novos talentos não é tão simples e, além disso, quando você erra, é muito cobrado quando não fica afastado”, explicou Antônio Márcio, presidente do Sindicato dos Árbitros de Minas Gerais (SAMG).
Entre junho e julho, por exemplo, sete árbitros foram afastados pela CBF. São eles: Bruno Arleu de Araújo (Fifa), Savio Pereira Sampaio (Fifa), Rafael Traci (Fifa), Emerson de Almeida Ferreira, Marcus Vinicius Gomes, Luiz Flávio de Oliveira (Fifa) e Wagner Reway. Não há padronização para o afastamento de profissionais, nem é possível precisar quanto tempo eles devem ficar fora de campo. (Colaborou Igor Veiga e Fred Jota)