A  onda dos esportes de areia desembarcou de vez em Belo Horizonte. Mesmo muito longe do litoral, os mineiros cada vez mais veem modalidades como futevôlei, beach tênis e vôlei de praia como principal opção de prática esportiva, lazer e vida saudável. 

A falta de praias não parece ser um problema, e, hoje, as opções são muitas para quem quer aventurar-se nas areias. Segundo a Prefeitura de BH, são 80 estabelecimentos com alvarás ativos para atividades de quadras, incluindo as mais diversas modalidades.

No último ano, o crescimento da popularidade e visibilidade das quadras de areia foi evidente na Região Metropolitana, e muitos são os motivos apontados pelos praticantes, empresários e professores dos esportes que vêm ganhando cada vez mais espaço na rotina dos belo-horizontinos.

Thiago Quites é dono de um desses locais, a Sports Park, no bairro Alípio de Melo, região Noroeste da capital. Segundo o proprietário - que também pratica o futevôlei - a história da Sports Park é como muitos outros locais afetados diretamente pela pandemia. Antes, o que era um campo de futebol, hoje é um espaço multidisciplinar que conta com duas quadras de areia e inúmeras mesas de futmesa/Teqball.

 “A nossa história é bem típica de pandemia, que foi a época em que realmente começou esse ‘boom’. Aqui era um campo de (futebol) society e, aconteceu conosco o que aconteceu com a maioria das quadras. Na pandemia, era difícil juntar 20 ou 25 pessoas para jogar. Em uma quadra de areia, só 4 pessoas são suficientes, então, muitos donos aproveitaram que já tinham o espaço da quadra de society, por exemplo, e fizeram as obras para mudar para areia”, contou Thiago.

Investindo em aulas de futevôlei, vôlei de praia e beach tennis, o público fiel varia entre os iniciantes, matriculados nas aulas, os grupos de ‘pelada’ que alugam as quadras durante a semana, e até aqueles que já até participam de torneios estaduais e nacionais das modalidades. 

Depois da explosão de novos praticantes, agora, o desafio é manter esses alunos engajados. Para isso, os proprietários precisam investir em alternativas criativas para seguir atraindo novos praticantes para os espaços.

“Muitos vieram pelo momento da explosão, eram iniciantes e queriam aprender algo novo, mas o futevôlei, por exemplo, é um esporte bastante difícil, então algumas pessoas acabam desistindo ou mudando para outros, como o beach tennis. O ‘day use’ foi uma ideia que tivemos para incentivar ainda mais o uso do espaço. Às vezes, as pessoas querem jogar com pessoas diferentes, vir sozinhas ou trazendo amigos. Isso tudo estimula que mais pessoas venham, conheçam e pratiquem”, comentou o proprietário da Sports Park.

Os novos praticantes

Do outro lado da quadra, atletas iniciantes se lançaram de vez no mundo viciante dos esportes de areia. Daniel começou a fazer aulas de vôlei após anos de experiência e afinidade com a bola nos pés.

Atleta de futsal, Daniel conta que a decisão de começar a jogar vôlei de praia partiu de motivações tanto físicas quanto psicológicas. A areia atraiu pela melhora no condicionamento físico, enquanto o vôlei, esporte extremamente técnico, o ajuda a trabalhar no lado psicológico.

“Eu queria praticar algum esporte na areia porque melhora demais o condicionamento físico. Talvez o mais óbvio seria fazer futevôlei, pela minha ligação com o futebol, mas eu sempre achei o vôlei um esporte muito bonito, técnico e emocionante. Decidi fazer aulas para aprender mais”, contou o supervisor administrativo.

Pela exigência técnica dos movimentos, a prática do vôlei na areia ajuda a manter a mente no lugar. “Eu acho que o vôlei de praia é extremamente técnico, então é preciso aprender os movimentos muito certinhos, coordenados. 

Por ser muito difícil, me ajuda muito na parte psicológica. Não é fácil lidar com meus próprios erros, mas sou muito tranquilo com isso. Entendo como processo de evolução”, declarou Daniel.

Ao lado de muitos iniciantes em uma turma que se reúne toda semana na região nordeste da capital, Daniel conta que o aumento na quantidade de novos empreendimentos de areia foi notório, e são muitos os colegas que, inclusive, trocaram as quadras e os campos pela areia.

“No meu bairro, na região metropolitana, abriu uma quadra de areia muito bem estruturada. Agora está uma febre mesmo. Tenho uns três amigos que nem jogam mais futebol porque migraram de vez para o futevôlei”, refletiu.