Manifesto

Atletas do vôlei se unem e pedem à CBV que fair play financeiro seja cumprido

Regra foi ignorada pela entidade que rege o vôlei brasileiro na última temporada, forçando atitude dos jogadores em suas redes sociais

A mesma imagem foi compartilhada pelos atletas em todas as postagens | Foto: Reprodução
Daniel Ottoni| @dottoni
25/06/20 - 14h11

O fair play financeiro, exigido pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), foi uma das grandes vitórias da modalidade nos últimos anos. No entanto, de pouco adianta a regra existir se não é colocada em prática. Na última temporada da Superliga, clubes como América Vôlei e Ponta Grossa participaram da competição mesmo com salários atrasados dos atletas. Por meio de uma manobra jurídica, os clubes conseguiram permissão para disputar a competição. 

Nesta quarta-feira, muitos atletas do vôlei brasileiro usaram suas redes sociais com um manifesto para que a CBV faça valer a regra. Foram várias postagens, marcando a entidade e pedindo que os clubes que não apresentarem a certidão de quitação de débitos, não tenham autorização para participar da próxima edição da Superliga. Na última semana, a reportagem do Super.FC fez contato com a CBV, recebendo a garantia que a regra do fair play financeiro seguirá sendo exigida. Apesar da promessa, os atletas sabem que a realidade pode não se confirmar, tendo a última temporada como maior exemplo. 

"Ano, após ano, a situação se repete. Até quando a impunidade dos clubes, os problemas com patrocinadores, programação televisiva e até desacertos políticos estarão acima do respeito. O chamado fair play financeiro é um mecanismo que, em tese, frise-se, em tese, permite que somente clubes adimplentes estejam inscritos. Isso não acontece. Na prática, o jogo é outro e está distante da beleza e da importância do esporte para o país. Poderíamos citar muitos exemplos. Uma infinidade de clubes que não honram seus compromissos. São casos e mais casos de contratos reelaborados no meio da temporada, são acordos e mais acordos reformulados a cada novo descumprimento apenas para garantia a tal “vaga”. com o atleta? Clamamos pelo apoio da CBV! Ouçam o profissional, ouçam os atletas. É preciso maior seriedade. É preciso transparência. Exigimos Respeito", afirma trecho da nota. 

As postagens aconteceram um dia após a CBV enviar carta-convite para os 10 clubes que se mantiveram na primeira divisão, além dos dois que subiram da Superliga B masculina e feminina. Apesar de terem caído para a segunda divisão, América e Ponta Grossa podem receber convite, uma vez que Sesc (RJ) e Ribeirão Preto Vôlei podem não ter condições financeiras de permanecer na elite. Os clubes têm até o dia 8 de julho para confirmar presença no torneio. A partir daí, a CBV pode procurar outros clubes para fechar a lista de 12 participantes. 

O posicionamento dos atletas mostra que eles preferem um menor número de times no torneio, desde que todos paguem os salários dos atletas.  

Quem já recebeu convite e também ainda segue em débito com os atletas é o Denk Maringá (PR), que viu vários jogadores deixarem o clube com a  competição em andamento pela falta de pagamento. O time do Paraná ainda não sabe se terá condições de participar da Superliga. No feminino, o Itajaí (SC), que subiu para a elite, não deve ter condições de participar do torneio. A CBV deve convidar São Caetano e Valinhos, que caíram para a segunda divisão, para seguir na principal competição do país. 

Entre os que se manifestaram, estão Filipe, ponta do Sada Cruzeiro, Thaísa, central do Itambé Minas, Wallace, oposto da seleção brasileira e o levantador William, que pode defender o Fiat Minas na próxima temporada. Outros tantos que defendem a seleção, no entanto, não haviam se manifestado até o fechamento desta reportagem. 
 

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