Há 79 anos, o Mackenzie, tradicional clube da região centro-sul de Belo Horizonte, vem formando atletas que se destacam pelas quadras e piscinas do país e do mundo. Com foco em equipes de base no vôlei feminino, basquete masculino, natação nos dois naipes e, mais recentemente, vôlei de praia, o trabalho do clube é constante e diário com jovens que chegam no esporte desde muito cedo.
No mundo do esporte de alto rendimento, porém, nem todos chegam até um pódio olímpico ou outros grandes palcos do esporte. Pensando isso, uma outra grande preocupação da equipe do clube é formar cidadãos para além da prática esportiva.
Descrito pelo diretor esportivo do clube, Matheus Lara, como “DNA formador”, o trabalho com esses jovens abrange diversas áreas da vida e tem a atenção das comissões técnicas em todos os âmbitos. “A nossa preocupação aqui é sempre captar esses jovens o mais cedo possível dentro de cada modalidade. A partir daí, construir a filosofia do Mackenzie dentro de seu DNA formador, tirando as crianças de oportunidades indevidas e utilizando a ferramenta do esporte para transformar a vida delas”, contou Lara.
“Nós oferecemos o treino específico para cada uma dessas modalidades, além da preparação física e da fisioterapia e de áreas multidisciplinares como assistência social, psicologia e nutrição. Todo esse suporte diário para que consigamos formar esses cidadãos através do esporte”, relatou o dirigente, que diariamente faz parte da vida de mais centenas de crianças e adolescentes.
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No esporte em que os futuros atletas chegam no Mackenzie mais cedo, a natação é uma das modalidades em que a preparação esportiva e a preparação para as diversas fases da vida precisam ocorrer de forma concomitante. A treinadora Camila Reis destaca que, para além de aprenderem a competir, os pequenos, que começam nas piscinas a partir dos 6 anos, também precisam sentir prazer na competição.
“Para essa categoria inicial, as competições mais importantes são mais voltadas para a experiência. É tratado mais como se fosse um 'festival', para que essa primeira experiência seja prazerosa e dê incentivo para que eles continuem. Ao mesmo tempo, nós vemos que eles mesmos já começam se cobrando resultados. Então, para nós, o desafio é conseguir dosar essa cobrança por resultados com o prazer de estar aqui, competir e treinar”, contou a treinadora, que, diariamente, passa cerca de cinco horas com os pequenos nadadores.
“Temos que tratar assim para que eles tenham uma carreira longa dentro do esporte. Estamos aqui criando cidadãos que levam essa experiência do esporte para qualquer canto da vida que eles forem”, analisou Reis.
Ao lado de Camila, Samuel Oliveira, estagiário na comissão técnica da natação, também destaca a importância de se tratar as crianças como crianças, mesmo com os objetivos do esporte de alto rendimento no horizonte.
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“É muito importante sempre lembrarmos que são crianças. Nós formamos atletas sim, mas também formamos pessoas aqui no Mackenzie. Uma das peças fundamentais que nós tratamos é ajudar numa educação melhor, ajudar a interagir com outras pessoas, por exemplo. Fazer parte da equipe ajuda muito nisso também, nessa interação, nessa questão de compartilhar o ambiente, os horários e a rotina", comentou o treinador, que fez questão de destacar a importância do trienamento esportivo mesmo para aqueles que decidirem não seguir no esporte.
"Focar também no comprometimento e no respeito os ajuda também no lado de fora, como achar um trabalho no futuro. A gente preza e zela muito por isso, e estamos sempre dispostos a fazer com que isso continue se perpetuando", concluiu Samuel Oliveira.