Ela é o poder!

Diva do tombamento

Rapper Karol Conka, revelação da música brasileira, fala ao Super Notícia sobre sua relação com a moda e o feminismo

Por Lorena K. Martins
Publicado em 31 de agosto de 2016 | 03:00
 
 
Look para shows: pernas de fora são indispensáveis Vivi Baco / divulgação

Quando é lacração, a cantora curitibana Karol Conka, de 29 anos, tira de letra. Basta circular no rolê das baladas para ouvir trechos de suas canções se transformarem naturalmente em bordões da galera que não dispensa uma “montação”, um “close certo” ou um “bapho”. Na moda de Karol, dizer que “já que é pra tombar, tombei” é mostrar sua atitude sem se importar com o julgamento do outro, desprender-se totalmente de qualquer ditadura imposta pelos padrões normativos e usar – com exageros – o que bem quiser. “Joias, maquiagem, muito capricho na roupa”, como profetiza a letra de “Gandaia”, correspondem a seu estilo sem economia. Motivos para torná-la ainda mais querida pelo mundo fashion.

A rapper de unhas decoradas e cabelo rosa pink adora usar looks de passarela de grifes badaladas como Ellus, Adidas e Reinaldo Lourenço, dá pinta em desfiles de moda e encabeça campanhas de beleza. Recentemente, participou do comercial “Um olhar aberto te define”, da Avon. A propaganda, de um rímel, intimou a cantora a reafirmar sua proposta de ser uma mulher consciente de seu poder, convidando as outras pessoas a terem um olhar aberto para o mundo. “Me senti realizada por todas as mulheres que foram deixadas fora de um padrão de beleza. É muito importante enxergar além do que a vista alcança. Quando uma marca de cosméticos abre portas para artistas como eu servirem de exemplo, isso significa a evolução da sociedade”, disse.

Em tempos de empoderamento feminino, seria pouco dizer que ela é mais uma das fortes personagens a ressignificar o papel e o poder da mulher por meio de seu rap e de sua atitude. “Aceita que dói menos”, trecho da canção “É o Poder”, lançada neste ano, defende justamente as conquistas do feminismo. No começo do mês, ela cantou durante a abertura dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, ao lado da pequena Mc Sof-fia – outra personalidade da música que encabeça o tema da autoestima dentro das raízes negras. Também lançou a música “Tô na Luta” em homenagem à lutadora Joice Silva no projeto Sons da Conquista. A cantora, que neste mês participou de uma festa em Belo Horizonte no Parque das Mangabeiras – Karol foi chamada para o lugar de MC Biel, que teve cancelada sua participação após polêmicas envolvendo assédio sexual, racismo e homofobia –, comentou sobre o episódio: “Acho que estamos passando por uma reeducação cultural e comportamental, e o que rolou com o tema em questão é o resultado de uma má educação”.

Batendo firme na imagem de valorização da mulher e da diversidade, Karol fala na entrevista a seguir sobre sua relação com a moda.

Minientrevista

Como você define seu estilo?

Esquisito-maravilhoso! 

Onde você costuma comprar e garimpar suas roupas?

Em lugares que tenham a ver com minha essência. Algumas marcas já conhecem meu estilo e me presenteiam com algumas peças.

O que não falta em seu armário de jeito nenhum?

Casaco com capuz, tênis e um salto poderoso.

Quais são suas peças preferidas e indispensáveis na hora de compor um look?

Em look para show, pernas de fora são indispensáveis. Para o dia a dia, tênis.

Como são o processo de escolha das peças e sua parceria com seus stylists?

Trabalho há um ano com o Rodrigo Polack e a Anna Boogie. É um trabalho feito em equipe e flui de forma orgânica, porque eles entendem e respeitam minha personalidade e estilo. Acho importante o estilista estar em conexão com a vibração do artista para que tudo flua redondo.

O que não pode faltar em sua nécessaire de beleza?

Um bom rímel, corretivo, batom e pó translúcido.

Seu cabelo é um dos destaques de seu estilo. Como é sua rotina de cuidados?

Eu faço meu cabelo com um profissional de Curitiba, o Alberto Canales. Ele arrasa. Refaço em média de 15 em 15 dias, demora quase 12 horas o processo de tirar as tranças, descolorir, pintar e trançar o cabelo novamente. No dia a dia, lavo normalmente com xampu.

Agora, vamos falar de carreira. Quais foram os principais passos desde 2002?

Lançar um disco, que foi bem-aceito pela crítica e pelo público diversificado, fazer turnê pela Europa e, principalmente, expressar minha opinião por meio da música e da moda (a minha moda!).

Recentemente, você gravou uma música do Milton Nascimento, em uma homenagem. Como foi colocar a essência da Karol em “O Rouxinol”?

O Milton Nascimento sempre foi uma referência pra mim. Quando muito pequena, criei uma coreografia para a música “Maria, Maria”. Regravar uma música dele me fez voltar ao tempo em que eu descobri a música em mim.

Quais são seus próximos projetos e quando sai o novo álbum?

O álbum novo sairá em outubro. Aguardem! Tem algumas participações de amigos músicos e muito tombamento.

Em seu trabalho você foca bastante a questão do empoderamento feminino e da importância do amor próprio e da autoestima, musicalmente falando. Como é trabalhar com temas tão importantes na sociedade?

Trabalhar com esses temas pra mim é natural, porque eu vim de uma família que me conscientizava da necessidade de expor o empoderamento feminino.

O que o feminismo representa em sua vida?

Força e igualdade.